Por Carolina Mandl
SÃO PAULO (Reuters) - O banqueiro André Esteves, um dos fundadores do BTG Pactual (SA:BPAC11), deve se transformar na principal atração de um evento que o banco de investimento fará nesta terça-feira, marcando a volta à cena de um dos banqueiros mais conhecidos do país.
Após um breve discurso de abertura do presidente do BTG, Roberto Sallouti, Esteves, maior acionista do banco, discutirá as perspectivas econômica e política do Brasil diante de uma audiência de aproximadamente 3.000 empresários, investidores e clientes.
Será a sua aparição pública mais proeminente desde que ele foi preso e exonerado em uma investigação de corrupção e deve lançar um novo holofote sobre seu papel no banco, onde permanece bastante influente, apesar de não ter um cargo estatutário.
Desde que foi absolvido das acusações ligadas ao escândalo da operação Lava Jato, sua participação em evento aconteceu em eventos menores, abordando áreas como private equity e imóveis.
Esteves, que ficou na prisão por cerca de 20 dias em 2015, tem um papel ativo na estratégia do banco desde abril de 2016, mas é chamado de "sócio sênior".
Na sexta-feira, Sallouti disse aos jornalistas que não há discussões em andamento sobre o retorno de Esteves à diretoria ou ao conselho de administração do banco e que o BTG estava trabalhando bem sob o formato atual.
Ainda assim, Sallouti acrescentou que o futuro depende do desejo de Esteves, que já foi a principal face pública do banco, de fazer formalmente parte dos quadros do BTG.
Quando sob investigação, o banco foi forçado a cortar postos de trabalho e vender ativos em meio a fortes saques de clientes. Mas o BTG se recuperou, registrando lucro líquido 3,833 bilhões de reais no ano passado, um aumento de quase 40% ante 2018.
A aparição pública de Esteves ocorre depois que o Banco Central aprovou em dezembro o retorno de Esteves ao grupo de controle do BTG. A finalização da mudança, porém, ainda requer autorização de órgãos reguladores fora do Brasil.
No ano passado, porém, o BTG ainda viveu dias turbulentos, quando a Polícia Federal entrou na sede do banco duas vezes. Em agosto, a PF fez investigações ligadas à compra de participações em 2013 em alguns campos de petróleo africanos da Petrobras (SA:PETR4). Em outubro, o BTG e ex-funcionários do BC e do Ministério da Fazenda foram investigados sobre o suposto vazamento ilegal de decisões sobre a taxa básica de juros.
O BTG negou qualquer irregularidade relacionada ao chamado acordo PetroAfrica e disse que as alegações de vazamento da taxa de juros são falsas.
Analistas que cobrem o BTG, como o UBS, ainda enxergam que a investigação da qual o banco foi alvo ainda é uma fonte de risco à instituição.
O BTG comprou no ano passado a revista de negócios Exame, em outro movimento que pode dar e ao banco mais visibilidade.