Por Brad Brooks
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O FBI está investigando os dois principais executivos da trading Vitol nas Américas, por suspeita de conexão com um caso de propina no Brasil envolvendo negócios com a Petrobras (SA:PETR4), disseram duas fontes com conhecimento direto do assunto à Reuters.
Mike Loya, chefe da Vitol nos Estados Unidos, com base em Houston, e Antonio Maarraoui, chefe da empresa para América Latina e o Caribe, estão sob investigação do FBI, disseram as fontes, falando em condição de anonimato.
Os promotores brasileiros já alegam que os dois tinham conhecimento direto de um esquema de propina envolvendo a Vitol e a Petrobras.
Com sede em Londres, a Vitol, maior operadora independente de petróleo do mundo, disse que tem uma política de tolerância zero para suborno e corrupção. Nem Loya nem Maarraoui responderam aos pedidos de comentários por e-mail.
John Marzulli, porta-voz do promotor norte-americano do Distrito Leste de Nova York, Richard Donoghue, recusou-se na quarta-feira a confirmar ou negar que uma investigação com foco nos executivos está em andamento.
O escritório de relações com a mídia do FBI declarou por e-mail que "não confirma nem nega a existência das investigações".
A ação do FBI é o segundo sinal recente de que autoridades norte-americanas estão intensificando investigações na fraude comercial, um caso que é o mais recente desdobramento da operação Lava Jato.
Na última semana, a Reuters noticiou que o Departamento de Justiça norte-americano estava investigando um ex-negociante de petróleo para a Petrobras baseado nos EUA, já acusado no Brasil, por participar de esquema de corrupção envolvendo as empresas de commodities Vitol, Glencore (LON:GLEN) e Trafigura.
O trader, Rodrigo Garcia Berkowitz, de 39 anos, está cooperando com as autoridades dos EUA na investigação e pode enfrentar acusações nos Estados Unidos, disseram fontes.
Procuradores brasileiros disseram que Loya e Maarraoui tinham conhecimento direto de um esquema de propina da Vitol com a Petrobras.
Eles ainda não enfrentam acusações no Brasil. Não se soube de imediato se estavam sendo acusados nos Estados Unidos.
Concorrentes da Vitol, Trafigura e Glencore se recusaram a comentar a investigação norte-americana.
A Glencore reiterou declarações prévias de que está cooperando com as autoridades brasileiras. A Trafigura declarou levar as alegações a sério. Todas as empresas foram suspensas de negociações com a Petrobras.
A Petrobras disse que "vem cooperando estreita e constantemente com as autoridades que investigam assuntos relacionados à Operação Lava Jato e assim continuará fazendo".
A empresa afirmou previamente que é vítima no suposto esquema de corrupção.
(Com reportagem adicional de Gary McWilliams em Houston e Julia Payne em Genebra)