Por Rania El Gamal
DUBAI (Reuters) - A Saudi Aramco pretende ampliar sua oferta de petróleo para a Europa em 300 mil barris por dia (bpd) nos próximos dois anos, à medida que expande suas operações de 'trading' no continente com a abertura em julho de um escritório em Londres, disse um executivo da companhia.
A Aramco, maior produtora de petróleo do mundo, está expandindo globalmente suas atividades de 'downstream', ou refino e comercialização.
O braço de trading da companhia tem focado em um novo acordo de processamento pelo qual supriria mercados europeus tanto com petróleo quanto com produtos derivados.
A Aramco pretende finalizar acordos nos próximos dois anos trocando o fornecimento de petróleo bruto principalmente saudita por produtos de petróleo para abastecer clientes na Europa e no Mediterrâneo, disse à Reuters Abdulaziz al-Judaimi, vice-presidente sênior de downstream da Aramco.
"Vou apostar na Europa ... Acreditamos que a Europa é um mercado em que ficaremos por muito tempo", disse Judaimi em entrevista por telefone nesta semana.
"A ideia é fornecer petróleo cru e receber produtos refinados para abastecer mercados como Itália, Bálcãs e Chipre. Na Europa, ter um acordo de processamento e para um canal virtual dedicado é realmente uma estratégia certa e vencedora."
A Aramco atualmente tem mais de 3 milhões de barris por mês em acordos de fornecimento de petróleo e troca de produtos na Europa, disse ele. A empresa tem acordos com a polonesa PKN Orlen, a grega Motor Oil Hella e a Midore, do Egito.
"Estamos procurando expandir os 3 milhões de barris para quase 10 milhões de barris mensais nos próximos dois anos. Isso significa que praticamente criaremos uma capacidade de refino de 300.000 bpd na Europa", disse Judaimi.
A empresa investiu em sua capacidade de armazenamento no Egito e no porto holandês de Roterdã. Cerca de 60% da capacidade do gasoduto de armazenamento SUMED no Egito é para o petróleo saudita, usado pela Aramco para alcançar seus clientes na Europa, disse ele.
O terminal de Roterdã tem no momento mais de 6 milhões de barris de petróleo, disse ele.
A Aramco também continuará investindo na Grécia, disse Judaimi.
A prioridade é abastecer refinarias com petróleo bruto da Arábia Saudita para garantir o uso de sua capacidade, mas ela também pode fornecer petróleo de outras origens por meio de operações no mercado spot.
"Esta é uma estratégia ganha-ganha porque ajuda o refinador ... e para nós é colocar petróleo bruto nos ativos de refino europeus", disse ele.
"O setor de refino na Europa exige acordos desse tipo e estamos aproveitando a capacidade disponível."
O braço comercial da gigante petrolífera estatal, Aramco Trading Co (ATC), planeja abrir um escritório em Londres em julho, disse Judaimi. A ATC vem expandindo suas operações no exterior e competindo cada vez mais com casas de trading globais em novos mercados.
A ATC registrou volumes recordes de trading de petróleo e refinados de 4,5 milhões de bpd no primeiro trimestre, e está a caminho de atingir sua meta de 6 milhões bpd até o final do próximo ano, disse Judaimi-- um volume próximo ao negociado pela Vitol.
"Nós começamos sete anos atrás nas atividades de trading e nossa história de crescimento é uma história bastante bem-sucedida. Começamos com 300.000 bpd e agora estamos com cerca de 4,5 milhões de bpd".
A ATC foi criada em 2012 inicialmente para comercializar produtos refinados, óleos básicos e petroquímicos a granel, mas desde então se expandiu para o comércio de petróleo.
O setor de trading tem enfrentado uma crescente rivalidade entre as empresas petrolíferas estatais, petroleiras internacionais e tradings suíças.
As petroleiras estatais têm matéria-prima barata e força no refino, o que lhes permite competir de forma agressiva com as principais companhias de petróleo e especialmente com as tradings que não têm produção própria.
CRESCIMENTO ASIÁTICO
A Aramco, maior produtora e exportadora mundial de petróleo, pretende se tornar a maior empresa integrada de energia, com planos de expandir as operações de refino e a produção petroquímica. A empresa produz cerca de 10 milhões de bpd de petróleo, dos quais exporta cerca de 7 milhões de bpd.
A companhia planeja elevar sua capacidade de refino - dentro da Arábia Saudita e no exterior - para de 8 a 10 milhões de bpd, de cerca de 5 milhões bpd atuais. A Aramco está expandindo seus negócios de refino domésticos e em novos mercados, particularmente na Ásia.
Judaimi disse que uma nova refinaria de 400.000 bpd da Aramco, na província de Jizan, no sudoeste da Arábia Saudita, deve começar a operar no final deste ano.