SÃO PAULO (Reuters) - O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse em depoimento à Justiça que recebeu recursos da construtora Odebrecht a título de manter a "política de bom relacionamento" que mantinha com a empreiteira no período em que foi dirigente da estatal.
Em depoimento dado em setembro do ano passado, mas que veio a público nesta quinta-feira, Costa afirma que em 2008 ou 2009 teve uma reunião com Rogério Araújo, então diretor da Odebrecht, que teria lhe dito: "Paulo, você é muito tolo, você ajuda mais os outros que a si mesmo. E em relação aos políticos que você ajuda, a hora que você precisar de alguns deles eles vão te virar as costas".
A partir daí, de acordo com o ex-diretor, a Odebrecht passou a depositar recursos em contas no exterior em seu nome a título da boa relação que mantinha com a empresa. Parte desses pagamentos foi feita também após Costa sair da Petrobras, em 2012. Os pagamentos foram feitos, de acordo com o depoimento, até 2013 ou 2014,
Costa disse à Justiça que nunca chegou a movimentar as contas, que eram geridas por um operador indicado pela Odebrecht.
Ele firmou acordo de delação premiada com a Justiça no âmbito da operação Lava Jato, que investiga um suposto esquema de corrupção na Petrobras.
Em outro depoimento, o ex-diretor disse que empreiteiras formaram um cartel para assinar contratos para a realização de obras para a Petrobras e, em troca, pagavam propina para diretores da estatal, operadores do esquema, políticos e partidos.
Entre os partidos citados por Costa como beneficiados do esquema estão PT, PP e PMDB,
Em nota, a Odebrecht negou as acusações, que classificou como caluniosas.
"A Odebrecht nega em especial ter feito qualquer pagamento ou depósito em suposta conta de qualquer político, executivo ou ex-executivo da estatal", disse a companhia.
(Reportagem de Eduardo Simões)