Apesar da instabilidade política vivida por algumas das principais economias do continente, dentre as quais o Brasil, os mercados da América Latina oferecem boas oportunidades aos investidores em meio à reabertura da economia global, diz Daniel Delabio, portfólio manager na gestora Exploritas, especializada nos mercados latino-americanos, em entrevista ao Mercado News.
Mesmo com a predominância do setor de commodities na região, a equipe da Exploritas avalia que existe uma descorrelação considerável entre os mercados da América Latina, além de uma descorrelação de ciclos políticos, propiciando diferentes oportunidades em cada país. Apostando nessas diferenças, a gestora opera 4 classes de ativos de 6 países distintos.
“No Brasil e na Argentina, a soja é muito importante, minérios também são importantes para a economia brasileira. Se tratando de Chile e Peru, o cobre é muito importante, já na Colômbia e no México temos o petróleo, então há exportadores de commodities que têm uma certa correlação, mas também temos uma diversidade de tipos de commodities”, afirma Delabio.
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Brasil
Na análise do gestor, o momento atual dos mercados brasileiros demanda cautela dos investidores, em meio às incertezas com a situação política e fiscal do País. O avanço da vacinação contra a Covid-19 traz alívio à economia brasileira, mas a alta da inflação, que se agravou com a crise hídrica, e a consequente alta dos juros devem prejudicar a retomada.
Para Delabio, os juros estão muito altos no Brasil, e ele diz que a convicção de que essa conjuntura vai melhorar está diminuindo. Dentre os motivos para essa deterioração de perspectivas, o gestor cita a postura disruptiva e inflexível do presidente Jair Bolsonaro, dizendo que o chefe do Executivo compra muitas brigas e acaba inspirando cautela nas empresas que planejam investir no País, já que se torna mais difícil planejar investimentos de longo prazo em um ambiente tão instável.
“Agora, eu diria que o maior ‘trigger’ para o Brasil não é essa questão de reabertura e crescimento, é mais a situação político-fiscal. Temos um imbróglio político que interfere na questão fiscal, com o qual se perde em investimento de empresas.”
O gestor diz que ainda vê com bons olhos o investimento no câmbio e em ativos ligados aos juros no Brasil, mas se diz menos convicto com a posição comprada em real.
Empresas
Dentre as apostas da Exploritas para o momento atual, Delabio destaca a empresa Arcos Dorados (NYSE:ARCO) (ARCO), responsável pelo McDonald’s na América Latina. A marca já está consolidada como uma gigante global do setor de alimentos, e deve se beneficiar da reabertura da economia. A Arcos Dourados também é favorecida pela capacidade de oferecer refeições a um custo relativamente baixo, o que pode ser apontado como um diferencial durante um período de diminuição da renda de trabalhadores em todo o continente.
Outra empresa que a Exploritas julga interessante para a atual conjuntura é a Adecoagro (NYSE:AGRO) (AGRO), empresa de commodities agrícolas que se beneficia da alta dos preços da soja, do milho, do açúcar e do etanol. Além disso, na parte de investimentos mais defensivos, a gestora tem papéis de Cesp (CESP6 (SA:CESP6), CESP3 (SA:CESP3)) e CPFL Energia (SA:CPFE3), que são empresas do setor de utilities que oferecem em torno de 9% a 11% de IRR real (taxa de retorno interna, do inglês).
Exploritas Latam FIC FIA
Essa experiência em mercados latino-americanos é aplicada na seleção dos ativos que entram para a carteira do fundo Exploritas Latam FIC FIA, que investe em ativos de renda variável em Brasil, Argentina, Chile, Peru, Colômbia e México, e tem como benchmark o Ibovespa. O fundo está disponível para os investidores no banco BTG Pactual (SA:BPAC11).