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Ex-senador Gim Argello é preso e Lava Jato diz que sistema político está "apodrecido"

Publicado 12.04.2016, 11:57
Atualizado 12.04.2016, 12:00
© Reuters. Carro da polícia federal visto no Rio de Janeiro
PBR
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(Reuters) - O ex-senador Gim Argello (PTB-DF) foi preso pela Polícia Federal em uma nova etapa da operação Lava Jato, nesta terça-feira, por suspeita de obstrução nos trabalhos de CPIs da Petrobras (SA:PETR4) no Congresso, e um dos procuradores da força-tarefa afirmou que o sistema político-partidário do país está "apodrecido".

As suspeitas são de que Argello atuou para evitar a convocação de executivos de empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção na Petrobras para prestar depoimento a CPIs no Congresso, em troca de pagamentos a partidos políticos.

As investigações colheram provas até o momento de pagamento de propina a Argello, que era vice-presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras em 2014, pelas empreiteiras UTC Engenharia (no valor de 5 milhões de reais) e OAS (350 mil reais). Também estão sob investigação pedidos de propina a outras empreiteiras.

Como resultado dos pagamentos, executivos das duas empresas não foram convocados a prestar depoimento tanto na CPMI como na CPI da Petrobras no Senado, da qual Argello também era membro, de acordo com os investigadores.

"O caso de hoje revela uma corrupção ao quadrado. Uma corrupção qualificada. A prisão de Argello se justifica porque a lavagem de dinheiro praticada é um crime permanente. Gim Argello obstruiu as investigações das CPIs", disse o procurador da Lava Jato Athayde Ribeiro Costa em entrevista coletiva em Curitiba, onde estão concentradas as investigações.

"O crime foi dotado de inusitado atrevimento porque foi uma corrupção para encobrir corrupção realizada mesmo depois da deflagração da operação Lava Jato", acrescentou.

A mais recente etapa da Lava Jato acontece em semana decisiva para o governo da presidente Dilma Rousseff. Na segunda-feira, a comissão especial da Câmara dos Deputados aprovou parecer favorável ao impeachment da presidente. E a previsão é de que o plenário da Casa vote o pedido de abertura do processo de impeachment no próximo domingo.

Apesar de não constar da denúncia de crime de responsabilidade que tramita na Câmara, a operação tem criado agenda negativa e sido um fator imponderável para os esforços do governo de conter a crise política.

A prisão do ex-senador fez parte da 28ª fase da Lava Jato, intitulada operação Vitória de Pirro, que visa cumprir no total 23 mandados judiciais, sendo três de prisão, cinco de condução coercitiva e 15 de busca e apreensão em São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal. Além de Argello, foram alvo das ações da polícia pessoas ligadas ao ex-senador, incluindo um filho dele, e executivos das empreiteiras.

A UTC disse que não comenta investigações em andamento, e a OAS afirmou que está à disposição das autoridades e que estão sendo prestados todos os esclarecimentos solicitados.

VITÓRIA DE PIRRO

A principal denúncia contra Argello partiu do dirigente da UTC Engenharia Ricardo Pessoa em acordo de delação premiada com as autoridades. O empreiteiro contou ter procurado o ex-senador para evitar ser convocado a depor nas CPIs, e acertou o pagamento disfarçado em doações eleitorais legais a quatro partidos políticos: DEM, PR, PMN e PRTB, que formavam a coligação com o PTB pela qual Argello foi candidato à reeleição ao Senado. Ele não foi reeleito.

Já o pagamento da OAS foi feito a uma paróquia do Distrito Federal frequentada por Argello por orientação do ex-senador, e a empreiteira apontou como centro de custo do dinheiro a obra da refinaria da Petrobras em Pernambuco Rnest, segundo os investigadores.

De acordo com os procuradores da Lava Jato, o fato de a nova etapa da operação atingir tanto partidos da base aliada como da oposição mostra que a corrupção no país não é partidária, mas sim decorrente do sistema político.

"A conclusão que todos devem chegar é que o sistema político partidário no país está apodrecido por abuso do poder econômico. Esta é a mensagem que gostaríamos de deixar nesta operação de hoje", disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima.

O nome Vitória de Pirro dado à operação pela PF remete a expressão histórica que representa uma vitória obtida mediante alto custo.

"Em que pese a atuação criminosa dos investigados no sentido de impedir o sucesso da apuração dos fatos na CPI/Senado e CPMI/Congresso Nacional, tal fato se mostrou inútil frente aos resultados das investigações realizadas no âmbito da denominada operação Lava Jato", disse a PF em comunicado.

© Reuters. Carro da polícia federal visto no Rio de Janeiro

A Lava Jato investiga um esquema de corrupção envolvendo a Petrobras, outros órgãos públicos, empreiteiras, políticos e partidos.

(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)

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