A melhora nos mercados internacionais e a expectativa com a eleição para o comando do Congresso brasileiro devem possibilitar alta do Ibovespa, após as perdas de 3,32% em janeiro. O bom humor externo mais uma vez é puxado por movimentos especulativos de investidores de varejo, no caso agora envolvendo a prata. No Brasil, a possibilidade de vitória dos candidatos apoiados pelo governo na Câmara e no Senado anima, pois há o entendimento no mercado de que os vencedores destravarão a pauta econômica. Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) têm o apoio do presidente Jair Bolsonaro na eleição para Câmara e Senado, respectivamente.
A definição no Congresso pode trazer um pouco de calmaria, mas sem afastar a volatilidade, observa André Szasz, gestor de renda variável da Grimper Capital. "Se todo mundo debandar para o lado do Lira, podemos ter um janela aberta para reformas, mas não deve ser nada fantástico. Porém, qualquer medida mínima que avance e com o cenário externo favorável, deve ser bom para o País, para a Bolsa", avalia.
A possível vitória dos candidatos governistas tende a ser comemorada com mais discrição pela área econômica, alerta o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria. "As pressões para a retomada do auxílio e flexibilização do teto devem crescer, o que sempre traz preocupação aos mercados", cita em nota.
A alta nos mercados de ações do exterior supera 1% em sua maioria, depois da forte volatilidade da semana passada, provocada por movimentos especulativos e pelo avanço da pandemia de covid-19. O Ibovespa futuro também vai nessa toada esta manhã, que ainda tem amparo da elevação firme do petróleo em Nova York e em Londres, apesar do recuo 0,93% do minério de ferro negociado no porto chinês de Qingdao.
Na China, novos indicadores de atividade informados entre ontem e hoje vieram mais fracos do que o esperado, por causa de novas medidas de restrição social no país para conter o coronavírus. Além disso, há o temor de que o feriado chinês este mês, do Ano Novo Lunar, prejudique a demanda.
Às 10h50, o Ibovespa subia 1,80%, aos 117.152,61 pontos, após cair 3,21% na sexta-feira, aos 115.067,55 pontos.
Apesar desse risco, Szasz acredita que o cenário para as commodities deve continuar positivo, o que também tende a ser benéfico para o Ibovespa. "Só se houver um avanço expressivo nas cotações internacionais do petróleo e, com isso, ter aumento nos preços dos combustíveis no Brasil e um repasse rápido no momento em que a inflação já está acelerando, gerando novas pressões dos caminhoneiros", afirma.
A despeito das promessas de algumas associações da categoria de parar o Brasil hoje, o movimento é pontual em estradas brasileiras, mas deve ser acompanhado com afinco pelo mercado, bem como a ameaça do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM -RJ), de aceitar um pedido de impeachment contra Bolsonaro, após a decisão da Executiva do DEM de desembarcar do bloco de apoio à candidatura do deputado Baleia Rossi (MDB-SP) e a disposição do PSDB e do Solidariedade de seguir o mesmo caminho.
Na seara corporativa, o investidor local espera o início da safra de balanços de bancos, com o Itaú (SA:ITUB4) começando, divulgando seus dados do quarto trimestre após o fechamento da B3. O banco deve apresentar queda de 24% em seu lucro líquido recorrente no período ante o quarto trimestre de 2019, mas alta de 10% ante o terceiro trimestre de 2020.
Ainda ficam no radar relatos de Ruy Schneider é o favorito para assumir a presidência da Eletrobras (SA:ELET3) em fevereiro. As ações da empresa lideram a lista de maiores altas do Ibovespa, com ganhos de 7,17% (PNB) (SA:ELET6) e 6,52% (ON) às 10h52.
A XP (NASDAQ:XP) informou que chegou a acordos com Itaú e Itaúsa (SA:ITSA4) sobre spinoff da Xpart. Às 10h53 as ações do banco subiam 2,54%, enquanto as da Itaúsa avançavam 2,82%, puxando os demais papéis do setor financeiro.