Madri, 11 jun (EFE).- Os mercados espanhóis receberam nesta segunda-feira com euforia o plano de ajuda europeia aos bancos, mas a falta de concretização da medida, segundo especialistas, fez com que o otimismo inicial se esfriasse.
A autorização pelos ministros de Finanças dos países da zona do euro, no sábado, de uma linha de crédito de até 100 bilhões de euros para que a Espanha saneie seu setor financeiro foi hoje o foco dos debates políticos no país.
Todos os setores da oposição, desde o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), que governou pela última vez de 2004 a dezembro de 2007, até as legendas minoritárias, pediram que o presidente do Governo, Mariano Rajoy, compareça ao Parlamento para explicar o plano de ajuda.
O chefe do Executivo disse neste domingo que o número final que a Espanha pedirá será divulgado quando os avaliadores internacionais que foram contratados para verificar a situação das entidades financeiras entregarem suas conclusões, o que deve acontecer daqui a poucos dias.
A euforia inicial com a qual hoje reagiram os mercados à medida anunciada no sábado - fazendo a bolsa subir quase 6% no início do pregão - foi se diluindo ao longo do dia devido, segundo os analistas, à falta de concretização.
O prêmio de risco da dívida soberana da Espanha - que mede a desconfiança gerada pelo mercado espanhol - disparou no fim da jornada de 467 a 520 pontos básicos, enquanto o principal indicador da bolsa nacional, o Ibex-35, fechou em queda de 0,54%.
Para o porta-voz de Assuntos Econômicos da Comissão Europeia, Amadeu Altafaj, "a evolução dos mercados em poucas horas não reflete em nada o que deve ser uma tendência, e a tendência deve ser reforçar gradualmente a confiança".
A ajuda de até 100 bilhões de euros destinada a fortalecer a solvência dos bancos espanhóis recebeu o sinal verde do setor e dos analistas econômicos, embora estes últimos tenham advertido que a falta de detalhes pesa mais que o otimismo inicial.
O chefe da divisão de dívida do grupo de serviços financeiros espanhol Ahorro Corporación, Javier Ferrer, insistiu que ainda se desconhece a quantidade exata que os bancos espanhóis pedem para sua recapitalização.
Este número, segundo a agência de qualificação de riscos Fitch, é de 60 bilhões de euros. Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou em seu relatório divulgado em 8 de junho que seriam de pelo menos 40 bilhões de euros, podendo subir até 60 bilhões.
Para Jordi Fabregas, professor de Finanças da Escola Superior de Administração e Direção de Empresas de Barcelona (ESADE), embora a ajuda europeia seja uma boa notícia, já que era "imprescindível", ainda restam muitos aspectos a serem esclarecidos, como o importe total que o setor precisará ou as condições para o empréstimo.
No plano político, há uma grande incógnita sobre as eleições gregas do próximo domingo, nas quais concorrem formações políticas opostas ao plano de resgate europeu para esse país, e cuja eventual vitória pode questionar a continuidade da Grécia no euro.
O Ministério espanhol de Economia afirmou hoje em comunicado que a ajuda colocada à disposição do setor financeiro da Espanha não só "não cobre as condições atuais da dívida pública, mas reforça sua solvência", e que o governo continuará o programa de consolidação fiscal e as reformas estruturais da economia com as quais considera que ganhou a confiança de seus parceiros europeus.
A Comissão Europeia afirmou hoje que a ajuda de até 100 bilhões de euros à Espanha é suficiente para enfrentar os "cenários mais adversos" e oferece ainda uma "margem de segurança adicional". EFE