Por Giulio Piovaccari e Ben Klayman
MILÃO/DETROIT (Reuters) - A montadora Fiat Chrysler pegou o mercado de surpresa ao manter sua previsão para lucro anual nesta quarta-feira, após o forte desempenho de sua picape Ram na América do Norte ajudar a empresa a desafiar a desaceleração da indústria.
O presidente-executivo Mike Manley, na primeira divulgação de um balanço da FCA após uma tentativa fracassada de se fundir com a Renault (PA:RENA), também deixou a porta aberta para este ou outros acordos.
"Estamos abertos à oportunidade", disse Manley em uma teleconferência com analistas.
"Não tenho dúvidas de que ainda haveria interesse nisso", acrescentou, quando pressionado sobre o que seria necessário para retomar as negociações com a Renault. Manley se recusou a comentar mais.
Manley disse que uma fusão não é necessária e que o plano de negócios da Fiat Chrysler é forte. A companhia disse que continua confiante de que seu lucro ajustado antes dos juros e impostos (EBIT) superará os 6,7 bilhões de euros do ano passado.
Uma desaceleração das vendas de automóveis abalou o setor, forçando as concorrentes da FCA - incluindo Renault, Daimler e Aston Martin - a cortar suas projeções de vendas após os resultados do segundo trimestre, enquanto a montadora americana Ford divulgou uma fraca previsão de lucro estimado para 2019.
No segundo trimestre, o EBIT ajustado da FCA totalizou 1,52 bilhão de euros, contra as expectativas dos analistas de 1,43 bilhão de euros, de acordo com uma pesquisa da Reuters.
Os envios da FCA nos EUA caíram 12% no segundo trimestre, mas o grupo disse que o desempenho bem-sucedido de sua marca Ram resultou em uma maior participação do mercado de picapes de grande porte de 27,9%, 7 pontos percentuais acima do ano passado.
A margem EBIT ajustada na América do Norte subiu para 8,9%, ante 6,5% no primeiro trimestre, graças à forte demanda pela Ram e pela nova picape Jeep Gladiator.
O vice-presidente financeiro da companhia, Richard Palmer, também disse que a FCA deve divulgar margens de até 10% na região, tanto no terceiro quanto no quarto trimestre.
O analista da Evercore ISI, Arndt Ellinghorst, disse em uma nota que a margem do segundo trimestre na América do Norte "certamente é o maior alívio", após o decepcionante desempenho do primeiro trimestre.
A FCA também citou o forte desempenho do grupo na América Latina, onde ganhou participação de mercado, para sustentar sua confiança nas perspectivas para o ano.