Por Scott Kanowsky e Jessica Bahia Melo
Investing.com -- Os futuros das ações dos EUA apontam para uma baixa, com os principais lucros do setor de tecnologia aguardando nos bastidores. Os investidores podem dar uma olhada em como a turbulência do setor bancário de março afetou dois credores próximos ao centro da crise, enquanto dois canais de notícias a cabo dos EUA anunciam a saída de algumas de suas estrelas mais brilhantes. No Brasil, governo estuda métrica para política de valorização do salário mínimo.
1. Futuros dos EUA no vermelho com a perspectiva de lucros tecnológicos; depositantes fogem do First Republic
As ações dos EUA estão abrindo em baixa nesta terça-feira, com os investidores aguardando a divulgação dos resultados trimestrais de grandes nomes da tecnologia global.
Às 8h05 (de Brasília), o contrato Dow Futuros estava em queda de 0,29%, o S&P 500 Futuros foi negociado 0,45% abaixo, e o Nasdaq 100 Futuros caiu 0,39%.
Três das quatro maiores empresas dos EUA em valor de mercado estão na pauta de lucros desta semana: Microsoft Corporation (NASDAQ:MSFT), Alphabet (NASDAQ:GOOGL), empresa controladora do Google, e Amazon.com Inc (NASDAQ:AMZN). A Microsoft e a Alphabet devem apresentar seus relatórios ainda hoje, seguidas pela Amazon na quinta-feira. A Meta Platforms Inc (NASDAQ:META), proprietária do Facebook, também deve divulgar seus resultados na quarta-feira.
As ações dessas empresas subiram até agora neste ano, e esses resultados provavelmente servirão como um teste para ver se esses movimentos são justificados, enquanto crescem as preocupações sobre uma desaceleração na atividade econômica mais ampla.
Em outros lugares, outras grandes marcas que devem apresentar relatórios incluem PepsiCo Inc (NASDAQ:PEP), McDonald's Corporation (NYSE:MCD) e Verizon Communications Inc (NYSE:VZ), juntamente com a General Motors Company (NYSE:GM) e a General Electric Company (NYSE:GE).
As ações do First Republic Bank (NYSE:FRC) caíram mais de um quinto de seu valor nas negociações pós-mercado na segunda-feira, depois que o banco sediado em São Francisco disse que registrou US$ 100 bilhões em saques de clientes no mês passado.
O credor regional tornou-se um ponto focal durante a crise do setor bancário em março, desencadeada pelo colapso do Silicon Valley Bank. Os clientes correram para sacar seus fundos, alimentando preocupações de que o First Republic precisaria se desfazer de sua carteira de hipotecas com grandes perdas para cobrir as saídas.
Financiadores e funcionários do governo dos EUA de alto nível acabaram por arquitetar um acordo de resgate que viu um grupo de 11 bancos colocar US$ 30 bilhões em depósitos no First Republic. Isso ajudou a diminuir a queda nos depósitos trimestrais, com o valor caindo em US$ 72 bilhões.
Em uma declaração conjunta, o presidente executivo Jim Herbert e o executivo-chefe Mike Roffler observaram que a base de depósitos da empresa se estabilizou desde então. Eles também apoiaram a "solidez de nossa qualidade de crédito e posição de capital".
No entanto, o First Republic, que viu suas ações despencarem 87% este ano até o fechamento de segunda-feira, alertou que reduzirá o número de funcionários em cerca de 20% a 25% no segundo trimestre. Ele também se comprometeu a buscar "opções estratégicas" para reforçar sua posição de capital e retirou seu guidance.
2. Tempos "desafiadores" à frente para o UBS
O UBS Group AG (SIX:UBSG) relatou um aumento de US$ 28 bilhões em dinheiro novo líquido em sua principal divisão de gestão de patrimônio, enquanto a turbulência no setor bancário atingia seu parceiro de fusão (e antigo rival) Credit Suisse (SIX:CSGN).
O maior banco da Suíça observou que US$ 7 bilhões desses influxos ocorreram nos últimos dez dias de março, após o anúncio de sua aquisição do Credit Suisse, que foi negociada com o governo.
O executivo-chefe do UBS, Sergio Ermotti, que retornou ao comando do banco em março para supervisionar a união, enfrenta uma tarefa gigantesca para integrar o Credit Suisse, em dificuldades, às suas operações. Na segunda-feira, o Credit Suisse relatou saídas de 61 bilhões de francos suíços - cerca de US$ 68 bilhões - no primeiro trimestre, e alertou que essa fuga de ativos ainda não diminuiu.
O próprio Ermotti sinalizou que as condições econômicas continuam "desafiadoras", dizendo à Reuters, após a divulgação de seus últimos lucros, que "as coisas vão ser difíceis".
Para complicar ainda mais a situação, o lucro líquido atribuível aos acionistas do UBS caiu 52% no primeiro trimestre, depois que o banco fez provisões no valor de US$ 665 milhões para cobrir os custos relacionados ao litígio em torno dos títulos lastreados em hipotecas residenciais dos EUA, que foram o centro da crise financeira global há cerca de quinze anos.
As ações do UBS caíram quase 2% no início do pregão europeu de terça-feira.
3. Grandes mudanças nos noticiários a cabo dos EUA
Duas estrelas de longa data dos noticiários a cabo dos EUA estão deixando seus postos em uma nova mudança no cenário da mídia televisiva do país.
O apresentador Tucker Carlson se separou da Fox News, anunciou a rede na segunda-feira, pondo fim a uma carreira de mais de uma década como uma das vozes mais proeminentes do canal.
A saída de Carlson ocorre depois que a Fox News pagou US$ 787,5 milhões na semana passada para resolver uma disputa legal com a Dominion Voting Systems, que a acusou de divulgar falsas alegações de que manipulou suas máquinas de votação em favor de Joe Biden durante a eleição presidencial de 2020 nos EUA.
De acordo com o Wall Street Journal, citando fontes familiarizadas com o assunto, os executivos da Fox News não gostaram dos comentários de Carlson que foram revelados durante o curso do processo da Dominion, que eles consideraram depreciativos.
As ações da Fox Corp. (NASDAQ:FOX), proprietária da Fox News, caíram na segunda-feira.
Enquanto isso, a CNN, rival da Fox News, disse que o âncora veterano de 17 anos, Don Lemon, está deixando o canal.
A CNN não forneceu mais detalhes, mas a decisão vem na sequência da controvérsia provocada por comentários recentes feitos por Lemon sobre a candidata republicana à presidência, Nikki Haley. Lemon disse que Haley não estava "em seu auge", um comentário que mais tarde foi criticado por ser sexista.
4. O petróleo se estabiliza com a aproximação do importante feriado chinês
Os preços do petróleo se estabilizaram em sua maior parte, com os traders de olho em uma possível recuperação da demanda na China, já que a segunda maior economia se aproxima de um período crucial de férias.
As reservas na China para viagens ao exterior durante o próximo feriado do Dia do Trabalho mostraram sinais de recuperação das rígidas regras da pandemia da covid-19. Embora os números ainda estejam abaixo dos níveis pré-pandêmicos devido às tarifas elevadas para voos de longa distância, os investidores estão tentando avaliar como a tendência ajudará a apoiar a demanda de combustível no maior importador de petróleo do mundo.
Também contribui para o sentimento a perspectiva de novos aumentos nas taxas de juros no Ocidente, o que poderia pesar sobre o crescimento econômico. Os cortes de oferta planejados pelo grupo de produtores OPEP+ também podem impulsionar os preços, sugeriram os analistas.
Às 8h05 (de Brasília), os contratos futuros do petróleo dos EUA eram negociados em baixa de 0,69%, a US$ 78,22 por barril, enquanto o contrato do Brent caía 0,63%, para US$ 82,02 por barril.
5. Expectativa para reajuste no salário mínimo no Brasil
Com a proximidade do Dia do Trabalhador, lembrado em 1º de maio, a equipe econômica trabalha para definir a fórmula para indexação do salário mínimo, tendo a política de valorização como promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o jornal O Globo, são duas propostas em discussão no governo. Enquanto o Ministério da Fazenda indica utilizar o Produto Interno Bruto (PIB) per capita de dois anos antes e adicionar o Índice de Preços Consumidor (INPC) na nova fórmula, o Ministério do Trabalho defende a variação total do PIB, também de dois anos anteriores.
O presidente deve tomar a decisão, mas o assunto já vem sendo discutido internamente. O anúncio oficial da escolha pode ser feito na segunda-feira, no feriado.
Segundo o governo, no caso de um reajuste no salário mínimo, hoje em R$ 1.302, o impacto nas contas públicas chegaria a R$ 300 milhões ao ano. O montante está previsto para subir para R$ 1.320 a partir de maio.
Às 8h05 (de Brasília), o ETF EWZ (NYSE:EWZ) recuava 0,21% no pré-mercado.