SÃO PAULO (Reuters) - A Ford anunciou nesta terça-feira vai sair do negócio de caminhões na América do Sul e fechar neste ano sua fábrica em São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista.
A fábrica, que produz também o compacto Fiesta, emprega cerca de 3 mil funcionários e o impacto da decisão será "significativo" sobre o número de demissões da unidade, afirmou a montadora.
A unidade, a primeira da montadora norte-americana no Brasil, foi inaugurada em 1967, e em 2001 passou também a produzir caminhões.
A Ford afirmou que vai continuar as vendas do carro e dos caminhões F-4000 e F350 até o final dos estoques.
"Não faz sentido manter produção em São Bernardo sem manter a produção de caminhões", afirmou a empresa.
Procurado, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC não pode comentar o assunto de imediato.
A Ford, que em caminhões compete no Brasil contra os grupos Volkswagen, Daimler e Volvo, teve vendas de 9.300 caminhões em 2018, crescimento de 19 por cento sobre o ano anterior.
O desempenho, porém, ficou abaixo da expansão de vendas do segmento no período, de 46 por cento, segundo dados da associação de montadoras de veículos, Anfavea.
Já o Fiesta acumulou vendas de 14.505 veículos em 2018, queda de cerca de 24 por cento sobre 2017, segundo dados da associação de concessionários Fenabrave.
O anúncio da Ford ocorre após a General Motors (NYSE:GM) ameaçar em janeiro não continuar a operar da mesma forma no Brasil e estava negociar incentivos tributários com o governo do Estado de São Paulo, onde mantém fábricas em São Caetano do Sul e São José dos Campos. A montadora fechou acordo com metalúrgicos, congelando salários este ano e promovendo reajuste abaixo da inflação em 2020.
A Ford também tem uma fábrica de veículos e motores em Camaçari (BA), onde produz o Ka e o utilitário EcoSport, e uma unidade de produção de motores e transmissões em Taubaté (SP).
(Por Alberto Alerigi Jr.)