Por Ana Beatriz Bartolo
Investing.com - As ações dos frigoríficos estão entre as principais quedas do Ibovespa nesta quinta-feira, 8, após o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicar uma queda na demanda por carne na China no próximo ano. Apesar disso, os analistas de Agro, Alimentos e Bebidas da XP (BVMF:XPBR31), Leonardo Alencar e Pedro Fonseca, consideram que "a reação do mercado é irracional”.
Ontem, o USDA atualizou suas estimativas para as importações de carne bovina e suína da China em 2023, com previsões de queda 19% e 8%, respectivamente, na comparação anual.
Segundo relatório divulgado nesta tarde, os analistas da XP explicam que a queda na demanda chinesa já era prevista e que “mesmo com desaceleração acima do esperado, o Brasil continuará sendo o principal fornecedor, portanto não prevemos grandes mudanças nas perspectivas”.
Além disso, os analistas da XP consideraram a reação do mercado como um “comportamento de manada desvinculado dos fundamentos”, uma vez que as ações dos frigoríficos estão sendo negociadas com múltiplos abaixo da média histórica em geral.
Às 13h40, as ações da JBS (BVMF:JBSS3) caíam 5,03%, a R$ 27,57, as da Marfrig (BVMF:MRFG3) recuavam 4,42%, a R$ 12,11, e as da Minerva (BVMF:BEEF3) perdiam 3,31%, a R$ 14,31. No mesmo horário, o Ibovespa caía 0,47%, a 109.244 pontos.
Contexto atual
O analista de Research da Warren, Gustavo Pazos, destaca que é difícil desassociar as notícias sobre o mercado chinês do consumo de carne. “A tese dos frigoríficos é baseada principalmente no poder de compra da China, que não é autossuficiente para atender essa demanda local”, explica.
Pazos aponta que o cenário que vinha se desenhando até então era que a produção local da China estava sofrendo com as altas temperaturas e secas no hemisfério norte, o que estava causando a redução dos seus rebanhos.
“Mas o USDA atualizou as suas projeções e agora indica que a China deve consumir menos carne vermelha em 2023 por causa da desaceleração econômica no país asiático, ao mesmo tempo em que a China está aumentando a sua oferta local, o que reduz a necessidade de exportação”, explica Pazos.