Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - O governo federal promoverá uma ampla reunião no Palácio do Planalto na tarde desta segunda-feira para discutir possíveis ações de comunicação em defesa do processo de privatização da Eletrobras (SA:ELET3), que as autoridades pretendem concluir ainda em 2018.
O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, disse à Reuters que o encontro acontece em um momento em que o governo começa a ver uma menor oposição aos planos de desestatização da elétrica, anunciados pela primeira vez em agosto passado.
"Constantemente, a posição na imprensa e nas mídias sociais tem sido favorável à tese da privatização. É uma coisa que a repercussão vem sendo favorável desde o final do ano passado", afirmou.
O plano do governo é viabilizar a privatização da Eletrobras por meio de um projeto de lei já enviado pelo Planalto ao Congresso Nacional. Mas existe alguma resistência de parlamentares à medida, com significativa movimentação pela criação de frentes contra a proposta, que também sofre oposição principalmente de sindicatos de funcionários da estatal e partidos de esquerda.
Agendada para a partir das 15h, a reunião em Brasília contará com presença de Pedrosa e do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, além do presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr..
Ainda acompanham o encontro o secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República, Joaquim Lima, o subsecretário de Comunicação Digital da pasta, Wesley Santos, e o marqueteiro Elsinho Mouco, da agência Isobar, contratado para definir estratégicas de comunicação do governo do presidente Michel Temer, segundo agenda da pasta de Minas e Energia.
Um dos assuntos a ser avaliado durante a reunião é a eventual realização pelo governo federal de uma campanha oficial em defesa da proposta de privatização da Eletrobras.
Não é certo, no entanto, se uma decisão sobre uma possível campanha será tomada de imediato, uma vez que esse é o primeiro encontro para tratar das estratégias de comunicação no processo de desestatização.
No final do ano passado, uma pesquisa do Datafolha que mostrou que 70 por cento dos brasileiros seriam contrários a privatizações em geral acendeu um sinal de alerta no governo e inclusive ajudou a atrasar algumas medidas envolvidas no processo da Eletrobras.
Agora, a sensação em Brasília é de que o pior já passou, segundo Pedrosa.
"Os mapas hoje, posso lhe dizer, são bem positivos, em repercussão, em mídia social. O tema ele teve um momento de muito ataque, mas vai diminuindo a reação, inclusive quando mais elementos são apresentados", afirmou, sem citar dados.
A consultoria Medley Global Advisors (MGA) publicou em relatório no final de janeiro que o governo federal tem discutido a possibilidade de lançar uma campanha em defesa da privatização da Eletrobras que compararia a medida à desestatização da Telebras, realizada em 1998.