RIO DE JANEIRO (Reuters) - O governo federal espera disputa e propostas para todas as concessões de aeroportos no leilão que será realizado na quinta-feira, mas não acredita em ágio elevado como em rodadas anteriores, segundo o secretário especial da Secretaria do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Adalberto Vasconcelos.
Concessões dos aeroportos de Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC), Salvador (BA) e Fortaleza (CE) integram o leilão de 16 de março. Nesta segunda-feira, pelo menos dois grupos entregaram documentação para participar da disputa, segundo informações apuradas pela Reuters. Nenhum dos representantes se identificou ou comentou qual o interesse no leilão.
O secretário afirmou a jornalistas que ágio não é sinônimo de sucesso de leilão. "Não queremos ágio e sim prestação de serviço. Esperamos propostas para os quatro aeroportos, mas não devemos ter o mesmo ágio do passado."
Em novembro de 2013, consórcio formado pela Odebrecht e a operadora de aeroportos Changi, de Cingapura, obteve a concessão do aeroporto do Galeão (RJ), ofertando cerca de 19 bilhões de reais, quase quatro vezes acima que o lance mínimo definido pelo governo. Já o aeroporto de Confins (MG), na região metropolitana de Belo Horizonte, foi arrematado pelo consórcio liderado pela CCR (SA:CCRO3), com lance final de 1,82 bilhão de reais, ágio de 66 por cento.
Vasconcelos acrescentou que o modelo de concessão nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff estimulavam o pagamento de ágio, mas os projetos nem sempre se mostraram sustentáveis com a mudança de cenário atravessado pela economia brasileira, que atravessa dois anos de recessão.
"Se você faz uma modelagem para ter ágio grande você até consegue, mas inviabiliza a execução do contrato. Por isso temos aeroportos em dificuldades", disse, acrescentando, que pelo modelo antigo o ágio era diluído ao longo da concessão e agora será logo no início do contrato.
Ele afirmou ainda que o edital do leilão de quinta-feira foi feito para atrair investidores nacionais e estrangeiros. "Vários estrangeiros nos procuraram e podemos ampliar nosso mix de investidores no país", afirmou.
Na semana passada, duas fontes do governo com conhecimento do assunto, afirmaram à Reuters que oito empresas mostraram interesse no leilão dos aeroportos. Além das espanholas Aena e OHL e da brasileira CCR, as interessadas incluíram a francesa Vinci Airports, a suíça Zurich Airport, a argentina Corporación América e as alemãs Fraport e Avialliance.
(Por Rodrigo Viga Gaier, com reportagem adicional de Gabriela Mello em São Paulo)