Por Sergio Goncalves
LISBOA (Reuters) - O governo português quer que a elétrica Energias de Portugal (EDP) (LS:EDP) e sua controlada EDP Renováveis (LS:EDPR) continuem a ter matriz no país, com sede em Portugal, e "pulmão" para desenvolverem suas atividades, mas acredita que não compete a ele pronunciar-se sobre eventuais ofertas concorrentes para aquisição das companhias, que receberam uma proposta da chinesa Three Gorges [CYTGP.UL].
O secretário português de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanchez, disse que o governo não deve comentar eventuais ofertas concorrentes, ao ser questionado sobre o assunto por jornalistas nos bastidores de um evento.
"Não nos pronunciamos sobre isso porque essas são questões que têm a ver com os acionistas... esse tipo de decisões não compete, de maneira nenhuma, ao governo", afirmou Sanchez.
"Acima de tudo, o que é que o governo gostaria de saber? É quais são as perspectivas destas empresas para o futuro porque nos interessa que estas empresas continuem a ser empresas portuguesas, sediadas em Portugal, que tenham capacidade e tenham 'pulmão' para continuar a desenvolver suas atividades", adicionou ele.
A estatal China Three Gorges lançou no mês passado um anúncio preliminar de uma oferta de 9 bilhões de euros para a aquisição da EDP e da EDP Renováveis, oferecendo 3,26 euros por ação e 7,33 euros por ação, respectivamente. Ambos os lances foram rejeitados pela empresa portuguesa, que entendeu que eles não refletiam o valor das companhias.
A CTG havia dito que pretende manter as empresas sediadas em Portugal e aportar ativos de seu portfólio às empresas da EDP, o que incluiria uma combinação dos ativos da subsidiária da EDP no Brasil aos negócios da CTG Brasil.
Mas as ações da EDP portuguesa e da EDP Renováveis têm operado sistematicamente acima dos preços oferecidos pela CTG, o que tem feito analistas ressaltarem que investidores apostam que os chineses oferecerão mais contrapartidas pelo negócio ou que haverá potenciais ofertas concorrentes.