Por Elizabeth Dilts Marshall e Imani Moise
NOVA YORK (Reuters) - Três dos maiores bancos dos Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira provisões de 28 bilhões de dólares para lidar com inadimplência, sinalizando que grande parte dos problemas econômicos gerados pelas medidas de quarentena contra o coronavírus ainda estão por vir.
Empresas recorreram a trilhões de dólares em crédito governamental e de bancos e parte deste suporte está acabando e as instituições financeiras temem um salto na inadimplência.
JPMorgan (NYSE:JPM) e Citigroup Inc (NYSE:C) divulgaram cada um grandes quedas de lucro do segundo trimestre, enquanto o Wells Fargo (NYSE:WFC) publicou o primeiro prejuízo trimestral desde 2008.
Bancos com grandes negócios em Wall Street conseguiram minimizar as perdas com crédito com grandes ganhos de receita no mercado de capitais. A queda nos resultados deveu-se praticamente às provisões para inadimplência.
Programas de assistência governamental sem precedentes criaram uma desconexão entre os mercados financeiros e a economia de tal forma que a situação da economia parece favorável, mas o cenário poderá mudar rapidamente se os programas de ajuda forem retirados.
A taxa de desemprego nos EUA atingiu 11,1% em junho e o PIB caiu 5% durante o primeiro trimestre. O JPMorgan está assumindo que o desemprego no país continuará em dois dígitos até a primeira metade de 2021, e o Citigroup espera que o PIB caia em mais de 35% antes da recuperação, disseram executivos dos dois bancos.
A maior preocupação dos bancos está sobre cartões de crédito, que tendem a ter risco maior por não terem qualquer garantia atrelada em caso de calote.
Até agora, não houve choque uma vez que o gasto caiu por conta das quarentenas e dos pacotes de estímulo.
O Citigroup, um dos maiores emissores de cartões do mundo, afirmou que a inadimplência e calotes caíram no segundo trimestre.
Enquanto isso, o Wells Fargo, que não tem uma grande operação de banco de investimento e teve um prejuízo de 2,4 bilhões de dólares, bem acima do esperado, espera que a situação piore.
"Nossa visão sobre a longevidade e gravidade da crise econômica se deteriorou consideravelmente", disse o presidente-executivo da instituição, Charlie Scharf.