SÃO PAULO (Reuters) - A Hypera (BVMF:HYPE3) tem registrado crescimento de vendas em julho, mas em um nível mais lento do que o apurado um ano antes, por uma combinação de fatores que incluem um quadro gripal da população de volta a níveis históricos após a pandemia e rivais com mais oferta de produtos, afirmaram executivos da farmacêutica nesta sexta-feira.
A companhia divulgou na noite da véspera lucro líquido das operações continuadas de 504,4 milhões de reais no período de abril a junho deste ano, alta de 10,7% na comparação anual. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) das operações continuadas foi de 772,7 milhões de reais, crescimento de 14,6%. As ações da empresa recuavam 1,2% às 15h32, enquanto o Ibovespa exibia estabilidade.
"Estamos vendo normalização da temporada de gripe... Muito próxima do que víamos na pré-pandemia, em 2018 e 2019", disse o diretor de relações com investidores e novos negócios da Hypera, Adalmario Satheler do Couto, em conferência com analistas após a divulgação dos números da empresa na noite da véspera.
"Não é que as pessoas não estão ficando gripadas, mas é uma demanda mais normalizada", disse o executivo, se referindo à categoria de antigripais, uma das principais do portfólio de produtos da Hypera.
Segundo o presidente-executivo da companhia, Breno de Oliveira, as vendas da Hypera em julho para consumidores finais, o chamado "sell out", cresceram perto do ritmo do mercado, de cerca de 11% sobre um ano antes.
O desempenho marca uma desaceleração sobre a expansão de 16% do mercado e de cerca de 20% da Hypera em julho de 2022, segundo os dados citados por Oliveira.
"Os concorrentes voltaram com disponibilidade de produtos e estamos tento um desempenho um pouco pior do que imaginávamos por esses fatores", comentou o executivo.
O impacto da queda do dólar ante o real sobre a empresa, que tem na importação de insumos para a produção de medicamentos um importante componente nas contas, deverá ser sentido no balanço financeiro da Hypera mais entre o final deste ano e início de 2024, disse Couto.
Segundo o executivo, o mecanismo de hedge da empresa está "mais ou menos até o final de outubro" considerando um câmbio de 5 reais por dólar, e a empresa não pretende ampliá-lo.
"As novas compras vamos conseguir trabalhar com câmbio menor, mas isso deve demorar um pouco mais para transitar no nosso custo, provavelmente mais no início do ano que vem", disse o diretor de relações com investidores.
"Considerando o nível atual de 4,80 (reais por dólar), teremos mais ou menos 1 ponto percentual de impacto na margem bruta", acrescentou.
(Por Alberto Alerigi Jr.)