A Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata, na sigla em inglês) projeta um recuo de 17% na receita de transporte de cargas em 2024. A previsão é de US$ 111,4 bilhões para o ano que vem ante US$ 134,7 bilhões em 2023.
O recuo é ainda maior quando comparado com anos anteriores, com destaque para 2021, considerado o pico para o segmento. Impulsionado pela pandemia, o setor de transporte aéreo de carga chegou a registrar receita de US$ 210 bilhões em 2021.
A Iata considera que em 2024, os rendimentos continuarão ser impactados negativamente pelo crescimento da capacidade de barriga, relacionado ao forte crescimento na demanda por passageiros. Com mais espaço para as cargas, cresce a oferta e, consequentemente, reduz os preços.
Outro impacto negativo é o menor ritmo de comércio internacional, que reduz o número de carga transportada por via aérea.
Com isso, a entidade projeta que os rendimentos (yields) caiam ainda mais em direção aos patamares pré-pandemia, com um declínio de 32,2% em 2023, seguido por queda de 20,9% em 2024. Em 2020 e 2021, os yields chegaram a registrar avanços anuais de 54,7% e 25,9%, respectivamente.
Desafios e oportunidades
Entre os desafios para o setor de cargas, está a guerra da Ucrânia, que impediu players importantes de operar e interferiu na cadeia de suprimentos, segundo o head global de Carga da Iata, Brendan Sullivan.
O executivo citou também os impactos da volatilidade econômica, que impulsiona a inflação, enquanto enfraquece o ambiente de negócios, traz instabilidade cambial e desacelera o crescimento do PIB. A lista de ventos contrários inclui ainda as preocupações sobre a cadeia de suprimentos na China.
Já na ponta positiva, Sullivan ressaltou o crescimento contínuo do e-commerce e prazos de entrega mais curtos. Além disso, cargas de alto valor agregado, como produtos farmacêuticos, têm mostrado resiliência diante dos altos e baixos econômicos.
*A repórter viajou a convite da Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata)