Atualizado às 14h15
Investing.com - Na parte da tarde desta quinta-feira, o principal índice de ações da bolsa paulista acelerou a tendência negativa, passando a cair 5,3% aos 72.087 pontos, renovando mais uma vez a mínima intraday de 71.950 pontos, com investidores ainda enxergando incertezas elevadas sobre o cenário eleitoral e o ritmo do crescimento no país, e receosos com a interferência do governo na economia.
Das 67 ações na carteira do Ibovespa, apenas as da Embraer (SA:EMBR3) operam no território positivo. O volume financeiro no pregão somava R$ 7.951.224.749.
Apreensões com a interferência do governo na economia ganharam força com a greve dos caminhoneiros, quando o governo adotou medidas, como o tabelamento do frete e congelamento do preço do diesel, para encerrar o movimento que durou cerca de dez dias e provocou o desabastecimento de vários produtos.
"Uma maior interferência do governo (qualquer governo) na livre atuação da economia não será bem vista pelos investidores em ativos no Brasil", destacou um gestor de uma administradora de recursos do Rio de Janeiro.
A equipe de estratégia e análise da XP Investimentos destacou que tem visão de bolsa estruturalmente benigna para os próximos anos, passando por um cenário eleitoral de centro-direita, mas no curto prazo, mantém visão mais cautelosa.
Os analistas da XP citaram que a atividade vem desapontando nos últimos meses e a recente greve adicionou incertezas. Ao mesmo tempo, avaliaram que o cenário eleitoral ainda é muito incerto, o que deve trazer volatilidade nos próximos meses.
"Somente esperamos uma potencial melhora do sentimento por volta de agosto/setembro, a medida que teremos mais clareza em relação ao ritmo do crescimento do pais passado os efeitos da greve, ao mesmo tempo que as alianças no campo político devem começar a ficar mais claras", afirmou a XP.
O banco suíço UBS cortou nesta quinta-feira a recomendação para ações brasileiras para "neutra" em seu portfólio de mercados emergentes, enquanto disse que esse é o momento para adquirir papéis de emergentes.
O mercado de câmbio também sentia a piora do sentimento em relação ao Brasil, com o dólar superando 3,90 reais na máxima da sessão. As taxas dos DIs também dispararam, mas o movimento foi atenuado pela ação conjunta do Banco Central e do Tesouro Nacional.
Câmbio
A constante alta do dólar, nesta sessão acima de 3,90 reais, obrigou o Banco Central a novamente anunciar intervenção extraordinária no mercado cambial, tentando trazer mais equilíbrio ao mercado afetado pelo nervosismo dos investidores com as cenas política e fiscal locais.
Às 13:23, o dólar avançava 2,13%, a R$ 3,9342, depois de bater a máxima de 3,9467 reais, maior nível intradia desde fevereiro de 2016.
"Estamos vendo um pequeno ataque especulativo ao Brasil via câmbio, mas acredito que é perfeitamente contornável", afirmou o sócio-gestor da gestora Leme Investimentos, Paulo Petrassi.
Tesouro Direto interrompe operações
O Tesouro direto foi novamente suspenso na tarde desta quinta-feira, após poucos minutos de operação. A expectativa é retornar as vendas às 15h30.
Pela manhã, o mercado já havia sido interrompido por pouco mais de duas horas após a grande volatilidade provocar a suspensão das negociações.
Os papéis prefixados são negociados com rendimentos de 9,39%, 11,73% e 11,92%, com vencimento em 2021, 2025 e 2029 (com juros semestrais), nesta ordem.
Os títulos atrelados ao IPCA rendem entre 5,54% e 5,84% nos diversos prazos de vencimento.
Com Reuters.