Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa estava na direção de encerrar a primeira semana de novembro com desempenho acumulado positivo e acima do patamar dos 100 mil pontos, tendo as eleições nos Estados Unidos no centro dos holofotes junto com o noticiário corporativo brasileiro.
Um cenário com o democrata Joe Biden saindo vitorioso na disputa presidencial e o Senado norte-americano mantendo a maioria republicana, que vem se consolidando com a apuração dos votos, endossou fortes ganhos em Wall Street na semana, o que embalou o pregão brasileiro, após um final melancólico em outubro.
Agentes financeiros entendem que tal combinação reduz a chance de mudanças expressivas de políticas econômicas nos EUA, principalmente em relação à tributação de grandes empresas norte-americanas, e notadamente o setor de tecnologia.
De acordo com Florian Bartunek, sócio-fundador da Constellation Asset, que tem 15 bilhões de reais sob gestão, os mercados no exterior reduziram risco antes das eleições, cautelosos com a chance de uma vitória democrata na Casa Branca e no Senado, o que não se confirmou.
"Isso é bom porque a governança fica equilibrada....Com esse 'problema' saindo da frente, investidores voltam a focar nas companhias e menos na eleição", afirmou. "E a bolsa norte-americana indo bem, afeta também a bolsa brasileira como todas as bolsas do mundo."
Em Nova York, o S&P 500 acumulava uma alta de 7,4% na semana até o momento, com Biden ampliando a vantagem em relação a Trump em Estados cruciais como a Geórgia e a Pensilvânia. Há expectativa de que ele faça um pronunciamento à nação ainda na noite desta sexta-feira.
Em meio à acirrada disputa nos EUA, mais empresas brasileiras reportaram balanços trimestrais nos últimos dias, incluindo nomes como Itaú Unibanco, que ainda anunciou planos envolvendo sua participação na XP Inc, o que fez suas ações dispararem mais de 7% durante o pregão de quarta-feira.
Ultrapar e Ecorodovias garantiram a ponta positiva do Ibovespa na semana em que divulgaram resultados e perspectivas à frente, enquanto apenas dois papéis acumularam performance negativa no período, ainda assim discretas: Suzano (SA:SUZB3) e Santander Brasil.
Nesta sexta-feira, por volta de 16:05, o Ibovespa tinha variação negativa de 0,16%, a 100.591,25 pontos, com valorização de 7,07% na semana/mês. No ano, o declínio ainda alcança 13,02%.
O Índice Small Cap subia 1,28%, a 2.453,12 pontos, e tinha elevação de 9% na semana/mês. No acumulado de 2020, o sinal segue negativo, com queda de 13,65%.
O volume negociado no pregão nesta sexta-feira somava 17,3 bilhões de reais.
DESTAQUES DO IBOVESPA DO ACUMULADO DA SEMANA:
- ULTRAPAR ON (SA:UGPA3) sobe quase 22%, após resultado acima das previsões de analistas no terceiro trimestre, com o grupo multissetorial se beneficiando da gradual retomada da economia brasileira. Analistas do BTG Pactual (SA:BPAC11) destacaram que o balanço reforçou sua tese de que um portfólio bem equilibrado e de que o caráter 'spread business' da Ipiranga devem continuar se beneficiando da recuperação. "Pela primeira vez em muito tempo, vemos espaço para melhorias nos lucros", afirmaram, reiterando recomendação de 'compra'.
- ECORODOVIAS ON (SA:ECOR3) acumula elevação de quase 18%, em semana na qual o resultado do terceiro trimestre mostrou que o tráfego nas estradas sob sua gestão se recuperou, embora ainda gradualmente. Para analistas do Bradesco BBI, porém, companhia deve estar bem posicionada para obter concessões de novos projetos em 2021, bem como a resolução dos reequilíbrios econômicos para as concessões paulistas poderia desbloquear cerca de 7,8 reais por ação. "Mantemos nosso rating de outperform", afirmaram.
- CYRELA ON (SA:CYRE3) valoriza-se cerca de 15% antes do balanço na próxima semana, quando agentes financeiros esperam a repetição da forte prévia operacional e querem ver os efeitos de IPOs de empresas na qual a construtora e incorporadora tem participação (Plano & Plano e Cury). Analistas do Credit Suisse (SIX:CSGN) afirmaram esperar que esse bom 'momentum' operacional seja seguido por bons resultados, em relatório com o título "A beleza das taxas baixas nos empréstimos imobiliários". O setor tem a melhor performance entre os índices setoriais na bolsa no mês.
- SUZANO ON cai menos de 1%, em meio ao declínio do dólar ante o real nessa semana e embolso de lucros, após alta de quase 10% em outubro. No setor de papel e celulose, KLABIN UNIT (SA:KLBN11) registra acréscimo de apenas 0,2%.
- SANTANDER BRASIL UNIT (SA:SANB11) mostra uma variação negativa de 0,2%, após figurar entre as maiores altas do Ibovespa em outubro, no que parece refletir movimentos de realização de lucros, embora moderados. O papel subiu 14,6% no mês passado, quando superou as estimativas para o lucro líquido do terceiro trimestre, ajudado por ganhos de tesouraria e perdas com empréstimos menores do que o esperado, enquanto o retorno sobre o patrimônio líquido foi de 21,2%.
Veja o comportamento dos principais índices setoriais na B3 (SA:B3SA3) no acumulado da semana:
- Índice Financeiro: +7,1%
- Índice de Consumo: +8,5%
- Índice de Energia Elétrica: +8,9%
- Índice de Materiais Básicos: +2,8%
- Índice do Setor Industrial: +6,31%
- Índice Imobiliário: +11,5%
- Índice Utilidade Pública: +9,8%