Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa paulista experimentava uma trégua nesta terça-feira, após ter a pior sessão em mais de 20 anos, acompanhando a recuperação de mercados no exterior, em meio a expectativas de ações coordenadas de governos e bancos centrais de todo o mundo para ajudar as economias em meio ao surto do novo coronavírus.
Às 12:03, o Ibovespa subia 2,7%, a 88.386,73 pontos. O volume financeiro era de 11 bilhões de reais.
A alta vem após o Ibovespa ter fechado com queda de 12,17% na segunda-feira, no pior dia na bolsa em mais de duas décadas, marcado por circuit breaker, conforme decisões da Arábia Saudita derrubaram os preços do petróleo e adicionaram preocupações a um mercado já fragilizado pelo surto do coronavírus.
Ainda na segunda-feira, o presidente norte-americano, Donald Trump, disse que tomará importantes medidas para proteger a economia dos EUA contra impactos da disseminação do coronavírus. Já o governo do Japão afirmou que planeja gastar mais de 4 bilhões de dólares em um segundo pacote de ações para lidar com o vírus.
"A perspectiva de maiores gastos do governo está ajudando investidores a ignorar a ampliação nas medidas de contenção que reduzirão a atividade econômica", destacou o analista Jasper Lawler, chefe de pesquisa no London Capital Group, destacando entre as medidas as restrições de deslocamento na Itália.
Do lado do noticiário sobre o vírus, o presidente da China, Xi Jinping, fez nesta terça-feira sua primeira visita a Wuhan, cidade chinesa onde foram relatados os primeiros casos do Covid-19. Dados da Coreia do Sul também mostraram desaceleração de novos casos.
A possibilidade de estímulos econômicos e sinais da Rússia de que conversas com a Opep seguem possíveis ainda apoiavam a melhora do petróleo no exterior, com o Brent em alta de cerca de 7%, após registrar a maior queda em quase 30 anos na véspera.
"Após uma 'segunda-feira negra', os ativos de risco estão abrindo em forte alta essa manhã. A possibilidade de uma atuação dos 'policymakers' para lidar com a crise, aliada a preços e 'valuations' mais atrativos está sustentando o mercado", afirmou o estrategista Dan Kawa, da TAG Investimentos, mais cedo em sua conta no Twitter.
"Eu vinha com uma visão e um viés muito mais cauteloso e negativo nas últimas semanas. Neste momento, ainda vejo um cenário extremamente frágil e incerto. Ainda espero volatilidade, mas acredito que parte relevante desta incerteza tenha sido precificada nos ativos de risco."
DESTAQUES
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) subia 4,6% e PETROBRAS ON (SA:PETR3) avançava 3,5%, um dia após queda histórica, com perda de 91 bilhões de reais em valor de mercado. A recuperação era apoiada na trégua do nervosismo no cenário externo, além de alta dos preços do petróleo, que também registraram declínios expressivos no último pregão.
- VALE ON (SA:VALE3) mostrava acréscimo de 8,4%, na esteira da alta dos preços do minério de ferro na China e melhora dos mercados no exterior, em meio a expectativas de estímulos econômicos no mundo.
- VIA VAREJO ON tinha elevação de 7,3%, também recuperando-se de recuos significativos nos últimos pregões, seguida de perto pela rival MAGAZINE LUIZA ON (SA:MGLU3), em alta de 7,3%. B2W ON (SA:BTOW3) perdia 4,6%.
- GOL (SA:GOLL4) PN e AZUL PN (SA:AZUL4) valorizavam-se 7% e 6,2%, respectivamente, também experimentando uma trégua, após serem pressionados nos últimos dias pela disparada do dólar ante o real, além dos potenciais efeitos na demanda decorrentes do surto de coronavírus que se espalhou para vários países, incluindo o Brasil. CVC (SA:CVCB3) BRASIL ON subia 7%.
- AMBEV ON (SA:ABEV3) caía 4,5%, após anúncio de investimentos noticiado na véspera, quando também a rival Heineken divulgou plano de expansão de capacidade no país, em investimento de 865 milhões de reais a ser feito no Paraná. Ainda, o Itaú BBA chamou a atenção para o fato de que nomes considerados muito defensivos, como Ambev, podem ser afetados se o surto de coronavírus prejudicar a demanda base.
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(Edição Alberto Alerigi Jr.)