Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira, em desempenho puxado principalmente pelo avanço das ações da Petrobras, enquanto Natura&Co (BVMF:NTCO3) também figurou entre os destaques positivos após resultado trimestral.
Investidores ainda analisaram dados de preços ao consumidor no Brasil e nos Estados Unidos, que mostraram aceleração em fevereiro ante janeiro, mas não afetaram as percepções sobre os próximos movimentos de política monetária em ambos os países.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,22%, a 127.667,84 pontos. Na máxima do dia, chegou a 128.039,47 pontos. Na mínima, a 126.120,68 pontos.
O volume financeiro somou 23,8 bilhões de reais.
"Após três pregões de queda, a terça-feira é de redenção do Ibovespa", afirmou o sócio e especialista da Blue3 Investimentos, Eduardo Mercúrio Teles, chamando atenção principalmente para o desempenho de Petrobras.
Ele afirmou que a palavra do dia para o papel da estatal foi "recuperação", com investidores talvez precificado a polêmica dos dividendos.
Da agenda do dia, o índice de preços ao consumidor nos EUA acelerou a alta em fevereiro para 0,4%, de 0,3% em janeiro, mas ficou em linha com as previsões no mercado. Excluindo componentes voláteis de alimentos e energia, também subiu 0,4%.
Os números mantiveram de modo geral as apostas no mercado de que o Federal Reserve deve começar a cortar os juros da maior economia do mundo em junho.
Para os economistas do Itaú Unibanco Bernardo Dutra e Gabriella Garcia, os dados confirmam a perspectiva da equipe do banco de cortes graduais na taxa de juros por parte do Fed e uma taxa terminal mais elevada.
Em Wall Street, o S&P 500, uma das referência do mercado acionário norte-americano, fechou com acréscimo de 1,12%, enquanto o rendimento do título de 10 anos do Tesouro dos EUA marcava 4,1507% no final da tarde, de 4,104% na véspera.
No Brasil, o IPCA subiu 0,83% em fevereiro, maior alta em um ano, ante aumento de 0,42% em janeiro e superando a expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,78% no mês.
"Consideramos esta leitura neutra para a política monetária: reforça a postura cautelosa do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central)", afirmou o economista Alexandre Maluf, da XP (BVMF:XPBR31).
DESTAQUES
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) avançou 3,28%, a 36,82 reais, ensaiando uma recuperação após fechar em queda nas últimas duas sessões, sendo que apenas na sexta-feira caiu mais de 10%, em meio a reavaliações do risco da companhia após decisão sobre dividendos extraordinários. Na véspera, uma reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Fazenda, o ministro de Minas e Energia e o presidente-executivo da Petrobras não trouxe novidades relacionadas aos dividendos extras, mas resultou no convite para a Fazenda passar a integrar o conselho de administração da estatal. Nesta terça-feira, de acordo com fontes ouvidas pela Reuters, o ministro Fernando Haddad decidiu indicar Rafael Dubeux, que atualmente é seu secretário-executivo adjunto na pasta, para tal assento.
- VALE ON (BVMF:VALE3) caiu 0,62%, a 60,84 reais, em meio a uma nova queda dos futuros do minério de ferro na China. O contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange encerrou as negociações do dia em baixa de 3,35%, a 822 iuanes (114,54 dólares) a tonelada, menor preço desde 11 de outubro. O noticiário da mineradora também incluía pedido de renúncia na véspera do membro do conselho de administração José Luciano Duarte Penido. Em sua carta de renúncia, ele afirmou que o processo de sucessão do presidente-executivo na empresa foi conduzido de maneira manipulada e teve influência política, segundo documento visto pela Reuters nesta terça-feira. Penido e o conselheiro Paulo Hartung foram os dois membros do colegiado que votaram contra a solução para o processo sucessório do CEO, Eduardo Bartolomeo, segundo fonte ouvida pela Reuters.
- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) ganhou 0,41%, a 34,41 reais, enquanto BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) fechou com acréscimo de 1,22%, a 14,09 reais. BANCO DO BRASIL ON (BVMF:BBAS3), que sofreu contaminação de Petrobras nos últimos pregões, encerrou em alta de 1,26%.
- NATURA&CO ON saltou 6,64%, a 18,48 reais, revertendo a fraqueza da abertura, quando recuou a 16,93 reais. A fabricante de cosméticos divulgou na noite de segunda-feira prejuízo líquido de 2,7 bilhões de reais no quarto trimestre de 2023 ante resultado negativo de 890 milhões sofrido um ano antes. Em teleconferência com analistas, executivos da companhia afirmaram que a empresa avalia que vai poder ampliar sua margem bruta na América Latina neste ano, apoiada em uma estratégia de simplificação de operações e aumentos "táticos" de preços. A Natura&Co também informou que o conselho de administração aprovou a distribuição de dividendos referentes ao exercício de 2023 no valor de 979,18 milhões de reais.
- LOCALIZA ON (BVMF:RENT3) valorizou-se 2,49%, a 53,60 reais, após mostrar crescimento de 59,1% no lucro líquido do quarto trimestre do ano passado contra mesma etapa em 2022, para 705,6 milhões de reais. A receita de aluguéis cresceu 30,1% na base anual, enquanto a receita de seminovos subiu 39,4%. No total, a receita líquida da Localiza somou 7,91 bilhões de reais no período, alta de 34,4% ano a ano. O Ebitda avançou 40,1% na mesma comparação. Executivos da companhia afirmaram que a Localiza mantém estratégia de elevação de suas tarifas de aluguel de veículos em 2024, depois de um movimento "mais visível" no final do ano passado, de olho em recuperar rentabilidade após a aquisição da antiga rival Unidas.
- MAHLE METAL LEVE ON, que não está no Ibovespa, caiu 6,51%, a 33,90 reais, pior desempenho do índice Small Caps, após a fabricante de autopeças reportar na noite da véspera lucro líquido ajustado de 154,1 milhões de reais nos últimos três meses de 2023, alta de 7,8% ano a ano, mas queda de 28,4% em relação ao trimestre anterior.