Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta quarta-feira, pressionado por números que apontam para cenário de baixo crescimento da economia do país, enquanto números mais fracos do que o esperado sobre a atividade econômica no exterior minaram a confiança dos investidores.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,51%, a 91.623,44 pontos. O volume financeiro somou 17,4 bilhões de reais.
O IBC-Br reforçou a visão de um PIB bem fraco no primeiro trimestre do ano no Brasil, na mesma semana em que o Focus mostrou o 11º corte nas projeções de economistas para a economia em 2019 e o governo sinalizou revisão em sua estimativa.
Do lado político, agentes financeiros se mostram preocupados com as dificuldades do governo do presidente Jair Bolsonaro na articulação política, mesmo em questões não envolvendo a reforma da Previdência.
"Esse movimento do Ibovespa está atrelado à questão política local e ao cenário de baixo crescimento", disse o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos, destacando que os sinais de desarticulação do governo tem preocupado investidores.
Do noticiário mais recente, o mercado entendeu como uma derrota do governo a aprovação pela Câmara dos Deputados para a convocação do ministro da Educação para explicar no plenário os cortes orçamentários na área.
No exterior, Wall Street começou a quarta-feira no vermelho, com dados mais fracos do que o esperado sobre as vendas no varejo dos Estados Unidos, mas notícia de que presidente Donald Trump adiaria a aplicação de determinadas tarifas trouxe alívio e o S&P 500 fechou em alta de 0,58%.
Mais cedo, também corroborou o tom mais defensivo no pregão paulista dados de vendas no varejo e produção industrial mostraram crescimento em abril aquém das expectativas no mercado.
DESTAQUES
- KROTON (SA:KROT3) caiu 5,22%, maior declínio do Ibovespa, após divulgar recuo de 34,2% no lucro líquido ajustado consolidado do primeiro trimestre, para 318,692 milhões de reais, bem como estimativas para 2019.
- EMBRAER (SA:EMBR3) recuou 4,17%, após a fabricante brasileira de aviões ampliar o prejuízo no primeiro trimestre para 42,5 milhões de dólares, com queda na receita em suas três principais divisões.
- EQUATORIAL valorizou-se 2,59%, tendo de pano de fundo salto de mais de 200% no lucro líquido do primeiro trimestre, que somou 213 milhões de reais, impulsionado pelos ganhos da companhia no setor de transmissão.
- JBS (SA:JBSS3) avançou 2,90%, para nova máxima recorde de fechamento, a 22,01 reais, em meio a expectativas relacionadas ao surto de febre suína africana na China. A rival Marfrig (SA:MRFG3), que divulga resultado trimestral após o fechamento do mercado, caiu 2,2 por cento.
- VALE (SA:VALE3) subiu 0,76%, também entre as poucas altas do Ibovespa, acompanhando a alta dos preços do minério de ferro na China nesta quarta-feira.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) recuou 0,46%, mesmo com a melhora dos preços do petróleo no exterior. PETROBRAS ON (SA:PETR3) perdeu 0,70%.
- BRADESCO PN (SA:BBDC4) cedeu 1,07%, em meio ao ambiente mais negativo como um todo na bolsa e perspectivas cada vez mais desanimadoras sobre a atividade econômica no país. Mas ITAÚ UNIBANCO PN subiu 0,31%.