Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira pelo quarto pregão seguido, com a falta de definições sobre o panorama eleitoral abrindo espaço para movimentos de realização de lucros após alta de quase 9 por cento em julho, o que ofuscou o efeito de resultados fortes, como o do Banco do Brasil.
O principal índice de ações da B3 caiu 0,48 por cento, a 78.767,99 pontos, tendo oscilado de alta de 0,39 por cento no começo do pregão a uma queda de 1,26 por cento no pior momento do dia. O volume financeiro do pregão somou 10,1 bilhões de reais. A queda acumulada na semana já alcança 3,27 por cento.
Com o cenário eleitoral ganhando cada vez mais espaço na avaliação de riscos, investidores devem acompanhar nesta quinta-feira o primeiro debate na TV, Band, entre os presidenciáveis. Também há expectativa de divulgação de pesquisa sobre intenções de votos encomendada pela XP Investimento para a sexta-feira.
Para o gestor-chefe da Garín Investimentos, Ivan Kraiser, a bolsa teve uma sessão de lado, enquanto segue na expectativa de novos eventos na esfera eleitoral, com o quadro ainda sem mudanças relevantes.
As últimas pesquisas eleitorais ainda mostraram um cenário bastante incerto, com elevado percentual de indecisos. A campanha começa oficialmente apenas na próxima semana e os programas na televisão e rádio no final do mês, o que pode fazer diferença nas intenções de votos.
Na visão de gestor de uma administradora de recursos do Rio de Janeiro, contudo, o fato de a situação ainda não se mostrar animadora em relação às expectativas no mercado de um candidato mais ao centro, liberal e reformista, ajuda a explicar os recentes movimentos dos ativos locais.
DESTAQUES
- BANCO DO BRASIL (SA:BBAS3) subiu 2,97 por cento, após divulgar alta robusta do lucro no segundo trimestre, apoiado em menores despesas com provisões para calotes, maiores receitas com tarifas e na expansão das receitas com crédito para pessoas físicas. O BB também previu maior agressividade no crédito nos próximos meses. Para o BTG Pactual (SA:BPAC11), foi um resultado bastante forte e de boa qualidade.
- ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) caiu 0,53 por cento e BRADESCO PN (SA:BBDC4) cedeu 1,04 por cento, ainda entre as maiores pressões de baixa, embora se afastando das mínimas mais cedo, conforme seguem vulneráveis a expectativas sobre o cenário eleitoral.
- VALE (SA:VALE3) recuou 1,07 por cento, ajudando na queda do Ibovespa em razão do peso relevante que detém na composição do índice.
- ENGIE BRASIL ENERGIA (SA:EGIE3) avançou 4,51 por cento, tendo no radar lucro de 589,2 milhões de reais no segundo trimestre, avanço de 20 por cento na comparação anual. Além de resultado forte, a Coinvalores acrescentou que a companhia divulgou boa distribuição de proventos. A Engie Brasil também disse que comprou acesso à sala de informações sobre o processo de privatização da geradora paulista Cesp (SA:CESP6), cujo leilão está agendado para 2 de outubro.
- MARFRIG (SA:MRFG3) recuou 4,02 por cento, liderando as perdas no setor, com JBS (SA:JBSS3) caindo 3,92 por cento e BRF (SA:BRFS3), que divulga resultado na sexta-feira antes da abertura da bolsa, encerrando em baixa de 3,06 por cento.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) fechou em alta de 0,99 por cento, apesar do enfraquecimento dos preços do petróleo no exterior e da cautela com o cenário eleitoral. A companhia informou nesta quinta-feira que recebeu uma devolução de 1,034 bilhão de reais por meio de acordos de colaboração e leniência celebrados no âmbito da Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
- COSAN (SA:CSAN3) encerrou em baixa de 2,61 por cento, após divulgar prejuízo líquido de 64,3 milhões de reais no segundo trimestre, com os protestos de caminhoneiros em maio impactando o desempenho de parte de seus negócios. A geração de caixa, medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), totalizou 803 milhões de reais entre abril e junho deste ano, praticamente estável em relação ao observado em igual momento de 2017.