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Ibovespa inicia semana em queda de 2,38%, com foco na transição

Publicado 07.11.2022, 15:39
Atualizado 07.11.2022, 19:10
© Reuters.  Ibovespa inicia semana em queda de 2,38%, com foco na transição
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O Ibovespa se inclinou a uma realização de lucros nesta abertura de semana após ter avançado 3,16% no período anterior. Hoje, cedeu 2,38%, aos 115.342,40 pontos, tendo tocado na máxima intradia da última sexta os 120 mil pontos e fechado a semana um pouco acima dos 118 mil. Nesta segunda-feira, saiu de abertura aos 118.148,47 e chegou a mostrar leve ganho na sessão, aos 118.239,86 no pico do dia, antes de se firmar em baixa, com mínima a 115.220,95 pontos perto do encerramento. O giro financeiro ficou em R$ 36,9 bilhões nesta primeira sessão da semana. No mês, o Ibovespa tem leve perda de 0,60%, e avança agora 10,04% no ano.

O mercado acompanha de perto as discussões em torno da equipe de transição e da formação do futuro governo, bem como da PEC e de medidas de passagem para a próxima administração, com foco nos efeitos fiscais. Com Henrique Meirelles em baixa nas apostas para a Fazenda, e Fernando Haddad em alta, os investidores em ações optaram por colocar dinheiro no bolso nesta segunda-feira, positiva no exterior, realizando por aqui parte dos lucros acumulados na semana que sucedeu a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Embora se reconheça que o próximo ocupante do ministério-chave do governo precise ter boa capacidade de articulação política junto a Congresso no qual não se terá - pelo menos a princípio - maioria, as credenciais fiscalistas têm sido uma exigência crescente do mercado em meio a dúvidas quanto ao custo do pagamento de promessas de campanha. Em outras palavras, qual será o volume de gastos além do teto para 2023, ano em que se concederá uma regra de exceção para despesas adicionais, aceitas inclusive pelo mercado desde que se ancorem expectativas para 2024.

Haddad já teria feito chegar a Lula a falta de interesse em retomar a Educação e que seu desejo, caso venha a ser aproveitado no governo, é por atuar na área econômica, seja na Fazenda ou no Planejamento, ministério que o futuro presidente, ao que consta, pretende recriar.

"Com relação a nomes para o futuro governo, o mercado tem reagido com intensidade, para cima como para baixo, em relação às especulações. Na semana passada, tinha ficado um pouco mais animado com o Alckmin tomando a frente (da equipe de transição) e chamando alguns nomes mais pró-mercado. Hoje, já se cogitou uma negativa do Meirelles e uma ala do PT pedindo o nome do Haddad. E isso está precificando o mercado um pouco pra baixo", diz José Simão, sócio e head de renda variável da Legend Investimentos.

Na primeira reunião oficial desde que retornou do período de descanso na Bahia, Lula dedicou-se nesta segunda-feira à montagem do governo de transição. Para a economia, o desafio é abrigar, seja na lista oficial dos 50 nomes da transição ou entre os voluntários, vertentes que compuseram a frente ampla da campanha. No rascunho, os nomes vão de Pérsio Arida e André Lara Resende, idealizadores do Plano Real e considerados liberais, a Nelson Barbosa, ex-ministro da Fazenda de Dilma Rousseff (PT) e visto como heterodoxo por setores do mercado, assim como Aloizio Mercadante, já envolvido diretamente na transição.

O senador Paulo Rocha (PT-PA) afirmou nesta tarde que estão sendo discutidos, nas reuniões da equipe, três mecanismos para contornar o teto de gastos e garantir os investimentos em áreas específicas, de forma a cumprir promessas como a extensão do valor do Auxílio Brasil e o reajuste do salário mínimo. Os instrumentos são: PEC, remanejamento de emendas de relator e crédito a ser feito por medida provisória (MP). A expectativa por este último caso é a de menor aposta porque dependeria da atual gestão. Amanhã, às 10h, o senador deve se reunir com o relator do Orçamento, Marcelo Castro (MDB-PI), em Brasília.

No cenário externo, os números do mercado de trabalho nos Estados Unidos, divulgados na última sexta-feira, mostram ainda uma situação "bem estreita" que dá "mais poder de fogo ao Fed", observa Simão, da Legend, considerando também a recente indicação do BC americano, na decisão sobre juros da última quarta-feira, de abrir a porta para um ritmo menor de elevação da taxa de referência em dezembro, em meio ponto porcentual, mas com uma extensão de ciclo de alta ainda indefinida.

Ainda na semana passada, antes mesmo do fechamento do período, "teria uns 3% pro Ibovespa corrigir", diz Luiz Adriano Martinez, portfólio manager da Kilima Asset. O espaço um pouco mais dilatado para realizar decorreu, contudo, de dois fatores positivos desde a noite de quarta-feira, um feriado que evitou que a B3 (BVMF:B3SA3) se conectasse à pressão vista em Nova York após a decisão e os sinais sobre a política monetária americana emitidos no dia 2 pelo Federal Reserve: o esvaziamento dos bloqueios nas estradas brasileiras e o início, de fato, do governo de transição.

Tal combinação de fatos contribuiu para afastar de vez a hipótese extrema, de ruptura institucional, ou mesmo a de contestação do resultado, o que poderia estender a eleição por um "terceiro turno". Na B3, apesar das recentes razões para volatilidade, tal métrica permanece baixa pelo padrão histórico, em torno de 18% frente a 25% da média histórica, observa Nicolas Merola, analista da Inv. Ele cita também, como fator positivo, a recuperação recente em ações com Beta mais elevado, aquelas que costumam amplificar o grau respectivo de correção em relação ao índice, e das 'small caps', ações com menor capitalização de mercado.

Nesta segunda-feira, contudo, ações dos setores de educação e consumo, que haviam se beneficiado na semana passada do humor favorável ao Brasil, estiveram entre as perdedoras do dia, com destaque para Yduqs (BVMF:YDUQ3) (-10,64%), Americanas (-9,00%), Cogna (BVMF:COGN3) (-8,72%), Via (-7,55%) e Alpargatas (BVMF:ALPA4) (-7,46%). No lado oposto, Santander (BVMF:SANB11) (+5,88%), BB Seguridade (BVMF:BBSE3) (+1,04%), Suzano (BVMF:SUZB3) (+0,92%) e Méliuz (BVMF:CASH3) (+0,79%) - apenas seis papéis da carteira teórica fecharam o dia em alta.

Entre as blue chips, enquanto Vale (BVMF:VALE3) conseguiu oscilar levemente para o positivo ao longo da tarde, sem contudo sustentar o sinal no fechamento (ON -0,53%), Petrobras ON (BVMF:PETR3) e PN acentuaram perdas, fechando o dia em queda respectivamente de 3,41% e de 4,06%, com o petróleo tendo variado para o negativo - decepção do mercado quanto à balança comercial da China reforça preocupações sobre o nível de demanda.

Em outro desdobramento relacionado à estatal, o presidente em exercício do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Bruno Dantas, disse hoje que nenhuma decisão sobre a distribuição de dividendos da Petrobras (BVMF:PETR4) será tomada nesta semana. Dantas evitou comentar a sugestão do Ministério Público que atua junto ao TCU para suspensão imediata do pagamento de R$ 43,68 bilhões em dividendos a acionistas da empresa, entre dezembro e janeiro, mas adiantou que o assunto não vai avançar nos próximos dias.

"O destaque negativo da Bolsa tem sido a Petrobras (PETR4), que cai cerca de 27% nos últimos 10 dias, com as incertezas em relação à futura política de precificação de combustíveis, bem como seus programas de investimentos e de distribuição de dividendos", aponta Alvaro Feris, especialista da Rico Investimentos.

Outro destaque negativo do dia - mesmo com avanço de 2,08% no preço do minério de ferro em Dalian (China), após alta de quase 5% na última sexta -, o setor de siderurgia esteve entre os mais pressionados nesta segunda-feira na B3, com Usiminas (BVMF:USIM5) (PNA -4,99%) e CSN (BVMF:CSNA3) (ON -3,38%) à frente. À exceção de Santander, os grandes bancos, com BB (BVMF:BBAS3) (ON -3,49%) na ponta, também foram mal na sessão.

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