Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa paulista retomava o viés negativo nesta sexta-feira, com o Ibovespa caindo cerca de 1%, dado o ambiente ainda avesso a risco em razão das dúvidas relacionadas ao surto de coronavírus que começou na China, mas já se espalhou por 18 países.
Às 11:35, o Ibovespa caía 1,41 %, a 113.896,08 pontos. Nesse patamar, o Ibovespa caminha para fechar o primeiro mês do ano no vermelho. O volume financeiro da sessão somava 3,78 bilhões de reais.
De acordo com o estrategista Felipe Lacs Sichel, do modalmais, a falta de perspectiva de estabilização da disseminação do vírus faz com que não se consiga precisar exatamente o impacto econômico do choque na China.
"Assim, é difícil de encontrar o preço 'justo' para as revisões de crescimento que virão", afirmou.
O número de mortos pelo novo coronavírus declarado como emergência global pela Organização Mundial da Saúde (OMS) chegou a 213, com autoridades chinesas afirmando que o número de infecções aumentou para 9.692.
Não houve mortes fora da China, embora 131 casos tenham sido relatados em 23 outros países e regiões, sendo o mais recente no Reino Unido.
Na China, a atividade industrial ficou estagnada em janeiro, com as encomendas de exportação caindo e reflexos do surto do vírus. O dado também foi influenciado pelo feriado do Ano Novo Lunar.
Para Sichel, a sessão na bolsa paulista deve ser marcada pela atuação de duas forças contrárias, com alguns participantes enxergando algumas barganhas e outros agentes preferindo posições mais cautelosos antes do fim de semana.
A equipe da Guide Investimentos destacou em nota a clientes que o noticiário em torno do novo coronavírus deve continuar como principal 'driver' dos mercados no curto prazo.
DESTAQUES
- VALE ON (SA:VALE3) perdia 2,27%, afetada pelas dúvidas relacionadas aos efeitos do coronavírus na economia chinesa, dada a sua sensibilidade ao mercado daquele país, com o setor de mineração e siderurgia como um todo no vermelho, com GERDAU PN (SA:GGBR4) caindo 2,8%. No mês, Vale acumula perda de cerca de 5%.
- ELETROBRAS ON (SA:ELET3) caía 2,6%, em sessão de ajustes, embora caminhe para fechar o mês com valorização. Na véspera, a elétrica observou demanda de 7 bilhões de dólares na venda de dois títulos no total de 1,25 bilhão de dólares, segundo dois investidores familiarizados com o negócio ouvidos pelo IFR, serviço da Refinitiv.
- BANCO DO BRASIL ON (SA:BBAS3) recuava 2,2%, pior desempenho entre bancos do Ibovespa, mas a maior pressão de baixa vinha de BRADESCO PN (SA:BBDC4), em queda de 1,7%, e ITAÚ UNIBANCO PN, caindo 1,8%. Na próxima semana, no dia 5, o Bradesco divulga seu resultado trimestral.
- PETROBRAS ON (SA:PETR3) cedia 2,3%, em sessão sem viés claro dos preços do petróleo no mercado externo, tendo no radar precificação de oferta de ações ordinárias da companhia em poder do BNDES esperada para a próxima terça-feira. PETROBRAS PN (SA:PETR4) caía 1,3%.
- BRASKEM PNA (SA:BRKM5) mostrava elevação de 0,9%, retomando a trajetória de alta após ajuste negativo nos últimos cinco pregões, quando acumulou declínio de 18,5%. No mês, os papéis ainda acumulam variação positiva de cerca de 7%.
- MARFRIG ON (SA:MRFG3) subia 1%, com o setor de proteínas entre as poucas ações em alta na sessão. JBS ON (SA:JBSS3) avançava 1,2% e BRF ON (SA:BRFS3) tinha queda de 0,4%.
- POSITIVO TECNOLOGIA, que não está no Ibovespa, recuava 9,4%, após precificar na véspera oferta de ações a 6,55 reais por papel, um desconto de mais de 20% em relação ao preço de fechamento da quinta-feira. Na mínima desta sexta-feira, mais cedo, as ações caíram 19,4%.