Ibovespa recua puxado por Vale e Petrobras; tarifas dos EUA seguem no radar

Publicado 14.07.2025, 17:11
Atualizado 14.07.2025, 18:05
© Reuters. Painel eletrônico na B3, em São Paulon05/08/2024 REUTERS/Carla Carniel

Por Patricia Vilas Boas

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa abriu a semana em clima de cautela, marcando sua sexta queda consecutiva nesta segunda-feira, com as blue chips Vale e Petrobras entre as principais pressões e diante de novas ameaças tarifárias do presidente norte-americano, Donald Trump.

Dados da atividade econômica doméstica piores do que o esperado também pesaram sobre o índice, com o IBC-Br, visto como um sinalizador do PIB, interrompendo quatro meses seguidos de expansão e registrando em maio sua primeira contração no ano, versus expectativa de estabilidade em pesquisa da Reuters.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,65%, a 135.298,99 pontos, alcançando 134.839,69 pontos na mínima e 136.186,67 pontos na máxima do dia. O volume financeiro no pregão somou R$18,82 bilhões.

Depois de anunciar tarifas contra a União Europeia e o México no final de semana, Donald Trump ameaçou nesta segunda-feira impor sanções aos compradores de petróleo russo, a menos que a Rússia aceite um acordo de paz em 50 dias, gerando novas tensões nos mercados e pressionando os preços da commodity.

As pressões comerciais mais recentes de Trump refletiram nos preços do petróleo, que caíram mais de US$1 no mercado externo.

"Tudo isso resultou num pregão meio lento, com investidores um pouco avessos a grandes movimentos no mercado financeiro", disse o analista Felipe Sant’Anna, do Axia Investing. "A gente está tentando precificar o que está acontecendo... ver para onde devemos olhar neste momento."

Em Nova York, contudo, os índices de ações resistiram à nova rodada de ameaças do republicano e fecharam em alta, após uma abertura mista. Investidores mantiveram suas convicções diante de uma semana agitada, marcada por indicadores econômicos e pelo início da temporada norte-americana de resultados corporativos.

No Brasil, a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos seguiu sob os holofotes. Segundo o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinará ainda nesta segunda decreto que regulamenta a Lei da Reciprocidade.

"Hoje... prevaleceu o sentimento de cautela", resumiu o sócio fundador da Veedha Investimentos, Rodrigo Tonon, chamando atenção para além das tarifas, a audiência de conciliação entre Executivo e Legislativo, na terça-feira, em meio ao impasse em torno da tentativa do governo de elevar a cobrança do IOF.

DESTAQUES

- VALE ON (BVMF:VALE3) recuou 1,14%, na contramão dos futuros do minério de ferro na Ásia, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian, na China, encerrou as negociações do dia com alta de 0,26%, a 766,5 iuanes (US$106,92) a tonelada. Na noite de sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) disse que o setor pode reavaliar para baixo seus investimentos no Brasil até 2029, em razão das tarifas de 50% de Trump sobre produtos brasileiros. Se confirmadas, disse o instituto, as tarifas afetarão "significativamente a indústria da mineração nacional".

- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) caiu 1,32%, seguindo a queda dos preços do petróleo no mercado internacional, onde o barril de Brent fechou com variação negativa de 1,63%, com agentes financeiros digerindo as ameaças de Trump de impor sanções a compradores de petróleo russo, que podem afetar a oferta global. No setor, PETRORECONCAVO ON cedeu 0,9%. Na contramão, PRIO ON (BVMF:PRIO3) avançou 0,4% e BRAVA ENERGIA ON subiu 2,02% -- esta última tendo no radar anúncio de emissão de até R$3 bilhões em debêntures simples para amortizar dívidas.

- BRF ON (BVMF:BRFS3) caiu 4,55%, no segundo pregão seguido de baixa. O fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, Previ, anunciou que encerrou sua participação na BRF, antecipando possíveis impactos negativos decorrentes da eventual incorporação de BRF e MARFRIG ON (BVMF:MRFG3), que encerrou com estabilidade. As empresas realizariam nesta segunda assembleia para deliberar sobre a fusão, mas tiveram a AGE adiada, ainda sem uma nova data. No setor, MINERVA ON (BVMF:BEEF3) recuou 2,42%.

- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) apresentou retração de 0,17%, enquanto BTG PACTUAL (BVMF:BPAC11) UNIT cedeu 0,56%, BANCO DO BRASIL ON (BVMF:BBAS3) caiu 2,18%, e SANTANDER BRASIL UNIT (BVMF:SANB11) recuou 2,05%. Na ponta positiva, BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) fechou com valorização de 0,37%.

- EMBRAER ON (BVMF:EMBR3) caiu 0,89%, sem conseguir manter o sinal positivo observado no começo do pregão, marcando seu sexto pregão consecutivo de queda. O setor aeroespacial é apontado como um dos mais suscetíveis às tarifas impostas por Trump, já que os EUA representam uma fatia significativa da receita da fabricante brasileira de aeronaves.

- HAPVIDA ON (BVMF:HAPV3) avançou 3,03%, interrompendo uma sequência de cinco sessões no vermelho. Analistas do Itaú BBA reiteraram no domingo recomendação "outperform" para a ação, projetando um rendimento do fluxo de caixa livre para o acionista de 10% em 2025 e 11% em 2026.

- ALLIANÇA SAUDE ON, que não está no Ibovespa, subiu 6,33%, após avançar até 10,41% no melhor momento, na esteira de anúncio da compra de sociedades do Grupo Meddi por cerca de R$252 milhões, com parte significativa da transação sendo paga por meio da entrega de ações, enquanto o valor remanescente será diferido ao longo de cinco anos. Em fato relevante, a empresa disse que o baixo nível de endividamento do Grupo Meddi contribui diretamente para o fortalecimento do balanço da companhia, reduzindo sua alavancagem consolidada.

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