Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em nova máxima histórica nesta sexta-feira, encerrando uma semana marcada por recordes e evidências de melhora no ritmo da economia brasileira, com agentes financeiros ainda encontrando no noticiário externo argumentos para compras.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,46%, a 111.125,75 pontos. O volume financeiro alcançou 17,9 bilhões de reais.
Na semana, o Ibovespa encerrou os cinco pregões no azul e acumulou valorização de 2,67%, melhor desempenho semanal desde o final de agosto (+3,55%).
"A bolsa tem reagido a uma combinação de fatores positivos, com o fluxo local ajudando a absorver as vendas de estrangeiros", ressaltou o gestor o gestor Werner Roger, sócio-fundador da Trígono Capital.
Dados da B3 mostram que o saldo do capital externo no segmento secundário está negativo em cerca de 40 bilhões de reais em 2019, enquanto o Ibovespa sobe mais de 25% no ano.
Na visão de Roger, o PIB brasileiro acima do esperado nessa semana parece indicar que o país está saindo do fundo do poço, o que, somado a fatores como juros baixos, inflação sob controle e confiança de consumidores e empresários, corrobora visão de que o país assumirá uma rota de crescimento sustentado.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,6% no terceiro trimestre em relação ao segundo, acima do esperado e no melhor desempenho desde o primeiro trimestre de 2018, enquanto dados anteriores foram revisados para cima.
O presidente da BGC Liquidez, Ermínio Lucci, referenda a premissa e destaca que o que está por trás dos últimos recordes do Ibovespa é a melhora nas perspectivas de crescimento do país.
"O Brasil está começando a crescer... o que em um ambiente de juros e inflação baixos alimenta a demanda por ativos de risco", destacou, vislumbrando manutenção da trajetória positiva do mercado acionário brasileiro no médio prazo.
Nesta sessão, o cenário externo mais benigno, com sinais de que os EUA e a China caminham para um acordo de primeira fase nas negociações comerciais, também ajudou o mercado brasileiro.
Agradou o anúncio da China de que vai abrir mão de tarifas sobre alguns embarques de soja e carne suína dos EUA, em meio a negociações para um acordo comercial.
Também no exterior, dados de emprego dos Estados Unidos mostraram que a criação de vagas naquele país registrou o maior aumento em mais de dez meses em novembro, confirmando que a economia manteve-se em trajetória de expansão moderada.
Do ponto de vista gráfico, os analistas Fábio Perina e Larissa Nappo, do Itaú BBA, avaliam que o Ibovespa está em tendência de alta, a caminho do próximo objetivo em 114 mil pontos. Passando deste, o próximo é em 120 mil pontos.
DESTAQUES
- VALE ON (SA:VALE3) avançou 0,79%, em movimento alinhado ao de outras mineradoras no exterior e tendo de pano de fundo eventos da companhia em Nova York e Londres nesta semana.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) e PETROBRAS ON (SA:PETR3) subiram 1% e 0,66%, respectivamente, ajudada pela alta dos preços do petróleo no exterior, além da repercussão positiva a sinalizações da empresa em encontros com investidores em Nova York e Londres nesta semana.
- ITAÚ UNIBANCO PN caiu 1,81%, em sessão negativa para os grandes bancos. BRADESCO PN (SA:BBDC4) cedeu 1,12%.
- VIA VAREJO ON fechou em alta de 7,3%, para nova máxima, respaldada por perspectivas positivas para o consumo no país e mudança na gestão da dona das bandeiras Ponto Frio e Casas Bahia. B2W ON (SA:BTOW3) subiu 3,21% e MAGAZINE LUIZA ON (SA:MGLU3) ganhou 1,14%.
- BTG PACTUAL (SA:BPAC11) subiu 5,14%, a 74,73 reais, máxima histórica, conforme agentes financeiros veem os papéis como melhor veículo para se anteciparem ao IPO da XP Investimentos, aguardado para a próxima semana. Em 2019, as units do BTG acumulam elevação de mais de 200%.