Por Peter Frontini
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa registrava sessão positiva na manhã desta segunda-feira, mas a tensão política deflagrada pela saída de Sergio Moro do governo ainda atraía a atenção do mercado, com o futuro do ministro da Economia, Paulo Guedes, se tornando a pauta da vez.
Às 11:53, o Ibovespa subia 3,65 %, a 78.081,58 pontos. O volume financeiro era de 6,587 bilhões de reais.
Na sexta-feira, o índice fechou em queda de 5,45%, depois de flertar com um mais um circuit breaker ao beirar 10% de baixa.
Em uma tentativa de demonstrar união dentro do governo, o presidente Jair Bolsonaro apareceu ao lado de ministros ao deixar o Palácio da Alvorada nesta segunda-feira, entre eles o titular da Economia, Paulo Guedes, e reiterou que é o auxiliar quem manda nas questões econômicas do governo.
"Neste cenário, as esperanças recaem sobre a manutenção de Guedes e uma conjunção política que possibilite o avanço das reformas prometidas até agora, em especial as de caráter fiscal", afirmaram analistas da Infinity Asset em nota.
Porém, a tensão política deve ser intensificada com a possível confirmação das nomeações do atual ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, para o comando do Ministério da Justiça e do atual diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, para a chefia da PF.
Analistas da Terra Investimentos afirmaram em nota que "as indicações de dois amigos da família de Bolsonaro deverão elevar ainda mais o risco político".
Diante dos impactos da pandemia de coronavírus na economia e do tenso panorama político, a pesquisa Focus do Banco Central mostrou nesta segunda-feira que a expectativa agora é que o Produto Interno Bruto (PIB) recue 3,34% en 2020, contra queda de 2,96% prevista anteriormente.
Para analistas da XP Investimentos, a volatilidade do mercado brasileiro deve se manter alta e a cautela do investidor deve se elevar, "pois a crise política não era algo esperado no nosso cenário anterior", segundo a casa.
DESTAQUES
- EMBRAER ON (SA:EMBR3) despencava 14%, após cancelamento de acordo com a Boeing. O presidente da companhia afirmou que não acredita que o acordo com a norte-americana possa ser ressuscitado.
- PETROBRAS ON (SA:PETR3) e PETROBRAS PN (SA:PETR4) subiam 2,6% e 2,2%, respectivamente, em sessão volátil para os papéis da petrolífera, com os contratos futuros do petróleo operando em forte queda.
- VIA VAREJO ON avançava 9,3%, na ponta positiva do índice. A empresa anunciou a compra da startup curitibana ASAPlog, especializada em soluções de logística urbana e conexão de transportadoras em etapas de longas distâncias. No setor, LOJAS AMERICANAS PN (SA:LAME4) subia 7% e MAGAZINE LUIZA ON (SA:MGLU3) ganhava 2,6%.
- HAPVIDA valorizava-se 4%. A companhia informou que poderá ampliar sua capacidade de leitos de UTI em mais de 20% "se houver necessidade" e que já investiu mais de 65 milhões de reais em medidas de combate à pandemia de coronavírus.
- BRADESCO PN (SA:BBDC4) subia 5,8%, endossando a alta do Ibovespa, assim como ITAÚ UNIBANCO, que tinha avanço de 5,1%, e SANTANDER BR UNT, que ganhava 5,8%.