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Iguatemi diz que não há plano para vender fatia na Infracommerce; 2º tri vem dentro do esperado

Publicado 03.08.2022, 09:46
Atualizado 03.08.2022, 09:55
© Reuters. Shopping Iguatemi, em São Paulo
29/07/2011
REUTERS/Nacho Doce
IGTA3
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Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - A Iguatemi (BVMF:IGTA3) divulgou nesta quarta-feira que não tem plano para vender sua participação na empresa de infraestrutura de software para comércio eletrônico Infracommerce  (BVMF:IFCM3), que voltou a pressionar o resultado contábil da gestora de shopping centers no segundo trimestre, embora o desempenho operacional tenha ficado dentro do esperado pelo mercado.

A Iguatemi, controlada pelo Grupo Jereissati, teve prejuízo líquido de 133,3 milhões de reais de abril a junho, revertendo lucro de 317,9 milhões um ano antes, de acordo com dados divulgados na terça-feira.

Em termos ajustados, que excluem entre outros itens o efeito não caixa da variação do preço das ações da Infracommerce, a Iguatemi teve lucro de 55,4 milhões de reais, um salto de 166,7% frente ao mesmo período do ano passado. No segundo trimestre deste ano, as ações da Infracommerce caíram 68,7%.

A gestora de shoppings teve um resultado operacional medido pelo lucro antes de juros, impostos depreciação e amortização (Ebitda) de 166,7 milhões de reais no segundo trimestre, alta de 61% ano a ano, com a margem Ebitda passando de 60,7% para 65,7%. O desempenho veio em linha com a média esperada por analistas, segundo dados da Refinitiv.

"A Iguatemi reitera que não existe qualquer discussão ou plano para alienar sua participação indireta na Infracommerce, cuja proposta de valor com foco em ajudar marcas e indústrias na sua jornada de digitalização, se mostra um modelo de relevante aderência e se materializa no expressivo crescimento orgânico apresentado pela companhia", afirmou em comunicado.

Na véspera, em entrevista à Reuters, o diretor financeiro da Iguatemi, Guido Oliveira, afirmou que observaria o segundo semestre e que a empresa poderia sair do investimento no caso de um evento de liquidez que fizesse sentido.

"O mercado de ações está fechado agora, mas no final do ano, no quarto trimestre, depois da eleição, a gente costuma ver uma janela abrir, e tem toda chance de essa ação (Infracommerce) reprecificar... Se tiver um evento de liquidez, nós somos, obviamente, vendedores", afirmou Oliveira.

À Reuters, ele afirmou que o investimento na Infracommerce ainda tem um retorno relevante, uma vez que a operação saiu a 4 reais por ação da companhia para a Iguatemi. Mas ele lembrou que o papel está distante do melhor momento, uma vez que, na máxima desde o IPO da Infracommerce em 2021, a ação chegou a 24,62 reais. Nesta terça-feira, a ação da Infracommerce fechou em alta de 3,3%, a 6,6 reais.

"A ideia é...que a gente consiga sair desse investimento quando tiver um evento de liquidez que faça sentido", afirmou. A Iguatemi investiu na Infracommerce no final de 2019 e possui atualmente 11,2% em sua posição consolidada na companhia.

Nesta quarta, a Iguatemi reforçou que, a preços de mercado atuais, o investimento indireto na Infracommerce ainda representa um ganho relevante em relação ao seu custo.

RITMO FORTE

O fluxo de caixa operacional (FFO) ajustado cresceu 58,4%, para 94,3 milhões de reais. Em termos sem ajuste, a linha ficou negativa em 94,4 milhões, como efeito de linearização, Infracommerce e resultado de swap de ações, afirmou a empresa no balanço.

A receita bruta do grupo alcançou 305,9 milhões de reais, aumento de 34,9% frente ao segundo trimestre de 2021 e de 42,9% ante o mesmo período de 2019, ajudada positivamente por reajustes de aluguéis. Em termos líquidos, a receita totalizou 253,6 milhões de reais, crescimento anual de quase 49%.

A Iguatemi já havia divulgado em julho prévia operacional, mostrando que as vendas de seus lojistas no segundo trimestre somaram 4,3 bilhões de reais, recorde para o período e alta de 56% ano a ano e de 30,2% ante 2019. A inadimplência foi negativa em 2,3% e o custo de ocupação foi de 11,3%.

Oliveira afirmou que dados de julho sinalizam manutenção do ritmo forte nos próximos meses, com a preliminar sobre as vendas apontando crescimento na faixa de 23% a 25% ante 2019, enquanto a inadimplência bruta do mês passado foi a menor de todos os meses desde o começo da pandemia e inferior a julho de 2019.

O executivo também destacou que a taxa de ocupação encerrou julho a 93,6%, endossando a perspectiva de a empresa atingir a previsão de encerrar o ano com uma taxa de 96%.

© Reuters. Shopping Iguatemi, em São Paulo
29/07/2011
REUTERS/Nacho Doce

Oliveira enfatizou o fato de esses resultados ocorrerem mesmo em um mês de férias em que a pessoas voltaram a viajar, o que não acontecia há dois anos - "e mesmo assim as vendas se mantiveram muito fortes comparadas a 2019".

"Nós acreditamos que as vendas no último semestre também serão muito fortes... 15% a 20% acima do que foi 2019 ao longo do terceiro e quarto trimestres", acrescentou.

Em relação às operações i-Retail e Iguatemi 365, que tiveram Ebitda negativo de 13,1 milhões de reais no segundo trimestre, Oliveira afirmou que essa perda diminuirá no próximo ano. "Nós estamos buscando zerar essa perda em 2023. Não sei se conseguiremos, mas será menor do que 2022 e 2021."

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