Por Ana Mano
SÃO PAULO (Reuters) - A Imcopa, uma das maiores processadoras de soja não-transgênica do Brasil, rescindiu um contrato de arrendamento do seu parque fabril com o Grupo Petrópolis, segundo comunicado interno visto pela Reuters.
Enviado pela empresa a fornecedores e colaboradores na quarta-feira, o comunicado é assinado pelo executivo da Imcopa Fernando Antônio Nascimento, que não quis comentar o assunto.
A decisão da Imcopa de rescindir o contrato data de 8 de agosto, e se dá em virtude do "descuprimento contratual relativo ao pagamento da margem líquida semestral", segundo o comunicado interno da empresa que atua no Paraná.
À Reuters, o Grupo Petrópolis disse que o contrato, assinado em 2014, tem vigência de dez anos e prevê que a companhia de cervejas seja a responsável pela industrialização de soja não-transgênica e posterior comercialização dos produtos daí derivados.
Pelo acordo entre ambas, o Grupo Petrópolis diz que "sustenta financeiramente e investe na manutenção das atividades operacionais da Imcopa, bem como na manutenção de mais de 640 empregos diretos e aproximadamente 2.500 empregos indiretos".
Com 50 anos de história, a Imcopa tem capacidade para esmagar 1,5 milhão de toneladas de soja ao ano, segundo informações no seu site. A companhia, que também exporta seus produtos, pode fabricar 240 mil toneladas por ano de proteína concentrada de soja.
O Grupo Petrópolis afirma ter empenhado aproximadamente 300 milhões de dólares na operação do parque fabril da Imcopa, dinheiro usado na compra de matéria-prima e pagamento de custos operacionais.
Não está claro como ficará a operação das unidades industriais de Araucária e Cambé, que compõe o parque fabril da Imcopa. A empresa paranaense deu prazo de 120 dias ao Grupo Petrópolis para retirar toda a matéria-prima, insumos e equipamentos das plantas.
"O Grupo Petrópolis foi surpreendido pela intenção do Grupo Imcopa de rescindir unilateralmente o contrato, já que entende que nenhuma cláusula contratual foi violada," segundo nota enviada à Reuters.
O Grupo Petrópolis afirma ainda que a rescisão do contrato está ligada a "uma tentativa forçada do fundo detentor das ações da Imcopa" de vender as unidades produtivas no âmbito do processo de recuperação judicial da companhia.
Em emails enviados à Reuters na quinta-feira, a Imcopa diz que "continuará buscando seu soerguimento por meio do cumprimento do plano de recuperação judicial" aprovado pelos credores em 2017, o qual prevê a venda do parque industrial na forma de uma ou mais unidades produtivas.
Em julho, a Polícia Federal prendeu executivos do Grupo Petrópolis como parte de uma nova fase da operação Lava Jato.
Não havia imediatamente indícios de que a rescisão do contrato pudesse ter qualquer relação com o caso investigado pela PF.