Por Ayesha Rascoe
NOVA YORK (Reuters) - O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, denunciou nesta quarta-feira, em tom irritado, a divulgação na mídia de supostas informações de que ele teria sido flagrado em uma posição comprometedora na Rússia, e atacou agências de inteligência dos EUA sobre o vazamento da informação.
“Acho que foi vergonhoso, vergonhoso que agências de inteligências permitiram o vazamento de qualquer informação que se provou ser tão falsa”, disse Trump em uma coletiva de imprensa. Ele classificou o dossiê que fez acusações sobre ele como “notícia falsa” e “de araque”.
“Eu acho que isso é uma desgraça… isso é algo que a Alemanha nazista teria feito”, disse o republicano dias antes de tomar posse.
Pela primeira vez, Trump reconheceu que a Rússia provavelmente hackeou o Comitê Nacional Democrata e os emails de outros altos representantes do partido durante a eleição presidencial de 2016, mas defendeu sua meta de ter melhor relacionamento com Moscou.
“Se Putin gosta de Donald Trump, eu considero que isso seja um ativo, não um risco”, disse Trump a cerca de 250 repórteres no lobby de seu escritório em Nova York.
Trump, que disse esperar por um bom relacionamento com o presidente russo, Vladimir Putin, mas não pode garantir que isso aconteça, disse ter solicitado a agentes de inteligência um relatório sobre defesa contra ciberataques, em um prazo de 90 dias.
A CNN noticiou na terça-feira sobre a existência do documento e o site BuzzFeed publicou o texto na íntegra.
Duas fontes do governo norte-americano disseram que as alegações, consideradas por uma delas como “infundadas”, estavam em um memorando de duas páginas anexado a um relatório sobre a interferência da Rússia na eleição de 2016, que foi apresentado na semana passada para Trump e para o presidente Barack Obama.
Uma autoridade norte-americana disse que os investigadores até agora foram incapazes de confirmar a materialidade sobre envolvimentos financeiros e pessoais de Trump com empresários russos e outras pessoas que analistas da inteligência norte-americana concluíram serem agentes de inteligência russos ou trabalhando para a inteligência russa.
Na entrevista, Trump não respondeu se qualquer pessoa ligada a ele ou a sua campanha tenha tido contatos com Moscou durante a campanha presidencial, e disse que ele não tinha empréstimos ou negócios com a Rússia.
O presidente eleito há tempos tem dito que espera melhorar os laços de Washington com Moscou, mas seus planos têm sofrido intenso escrutínio após agências de inteligência dos EUA terem concluído que a Rússia valeu-se de ciberataques e outras táticas para influenciar a eleição em favor de Trump contra sua rival democrata Hillary Clinton.
O empresário do setor imobiliário usou a coletiva de imprensa para descrever como ele vai se separar da administração de seus negócios a fim de evitar conflitos de interesse quando assumir o cargo.
Ele também falou sobre como planeja atrair empregos da indústria de volta ao país, e criticou companhias farmacêuticas por “escaparem de assassinato” com o preço dos medicamentos.
(Reportagem adicional de Doina Chiacu, Jeff Mason, David Alexander, Jonathan Landay e John Walcott, em Washington, e Jonathan Allen e Melissa Fares, em Nova York)