SÃO PAULO (Reuters) - O Ministério da Agricultura informou nesta terça-feira que está preparando medidas necessárias à importação de milho geneticamente modificado dos Estados Unidos, num movimento que visa ampliar a oferta do cereal no Brasil, segundo nota oficial divulgada pela pasta.
Após tratativas com o ministério, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e outras entidades representativas do agronegócio irão enviar na quarta-feira um pedido de liberação de variedades à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), disse à Reuters o presidente da ABPA, Francisco Turra.
"A gente vai anexar um parecer da Embrapa de que para alimentação animal não há problema nenhum (em liberar a entrada de determinadas variedades cultivadas nos EUA)", afirmou Turra.
Segundo ele, há "uma forte determinação por parte do ministro Blairo Maggi" para que a autorização ocorra.
"Acho que a gente não teria muita dificuldade", afirmou o executivo da associação que representa grandes exportadores de aves e suínos, como BRF (SA:BRFS3), JBS (SA:JBSS3) e Aurora, entre outros.
O Brasil, que sofre com uma escassez do produto este ano, já planta o cereal transgênico, mas as importações dos EUA não decolam por temores de que algumas variedades norte-americanas sejam barradas no país, devido à falta de aprovações específicas.
A CTNBio, entretanto, tem ritos de aprovação de transgênicos que podem inviabilizar um pedido para eventual aprovação de uma hora para outra.
O Ministério de Agricultura não entrou em detalhes sobre como será o processo para liberação.
Não foi possível contatar a CTNBio imediatamente. Procurado, o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação não respondeu pedido de comentário sobre o pedido de liberação de variedades de milho transgênico.
Do ponto de vista tarifário, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) já havia aberto caminho para compras de milho de fora do Mercosul em abril, quando liberou a importação de uma cota de 1 milhão de toneladas isenta de uma tarifa de 8 por cento incidente sobre aquisições fora do bloco econômico.
Contudo, praticamente nenhum negócio foi realizado dentro desta cota. Até o momento, empresas pediram a liberação burocrática de apenas 2 mil toneladas dentro dessa isenção tarifária, segundo dados da Camex.
Dados de comércio exterior do Ministério da Agricultura do Brasil e do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) também mostram que as chegadas de milho norte-americano ao Brasil no primeiro semestre foram praticamente inexistentes.
(Por Roberto Samora e Gustavo Bonato)