Rio de Janeiro, 31 mar (EFE).- A construtora OAS, uma das empresas citadas no escândalo de corrupção da Petrobras, apresentou nesta terça-feira pedido de recuperação judicial por causa da "intensa restrição de crédito" desde o início das investigações e anunciou também que venderá vários ativos.
A medida afeta nove empresas do Grupo OAS e permitirá uma renegociação das dívidas com credores e fornecedores com mediação da Justiça, com o objetivo de evitar a falência definitiva, "continuar operando e preservando milhares de empregos", de acordo com comunicado pela empreiteira hoje.
A OAS é a terceira construtora que pede recuperação judicial após a deflagração da Operação Lava-Jato. A Galvão Engenharia fez o mesmo na semana passada. Já a Alumini entrou com o pedido em janeiro.
Dentro do processo de restruturação, a OAS diminuirá seus investimentos e colocará à venda vários ativos em empresas que não são dedicadas à construção pesada, principal negócio do grupo.
Entre os ativos que serão vendidos estão 24,44% do capital da empresa de infraestruturas Invepar, que administra o aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo, e o metrô do Rio de Janeiro. A OAS também colocará à venda 17,5% do estaleiro Enseada, 50% da Arena Fonte Nova, de Salvador, e 100% da Arena das Dunas, em Natal, duas das sedes da Copa do Mundo de 2014.
A construtora irá se desfazer totalmente de sua subsidiária de material bélico OAS Defesa e a de projetos ambientais OAS Soluções Ambientais. Além disso, venderá 61% de sua filial no ramo de petróleo, OAS Oléo e Gás e 80% da imobiliária OAS Empreendimentos.
Depois de a Justiça aceitar o pedido da OAS, a empresa terá 60 dias para apresentar um plano de reestruturação de suas dívidas com seus credores e fornecedores, que terão outros 120 dias para discutir e aprovar a proposta.
De acordo com o comunicado divulgado pelo grupo, as dívidas contraídas até a data de hoje serão congeladas e renegociadas. Todas as demais que forem feitas a partir do mês de abril serão integralmente cumpridas. As mudanças não afetarão o pagamento dos salários dos mais de 100 mil colaboradores envolvidos com empresa, de forma direta ou indireta, garantiu a OAS.
A OAS informou que excluiu do pedido de recuperação judicial as sociedades de propósito específico que dependem da subsidiária de empreendimentos do grupo, evitando que os proprietários de apartamentos sejam afetados. As empresas e ativos colocados à venda também ficaram de fora do processo.
As dificuldades financeiras da OAS começaram em novembro do ano passado por causa das investigações sobre o caso de corrupção na Petrobras. As linhas de crédito do grupo foram interrompidas depois da divulgação do escândalo, o que levou as agências de risco a rebaixar a nota de qualificação da construtora.
A Procuradoria-Geral da República encontrou indícios de que pelo menos 23 empresas fraudavam contratos milionários com a Petrobras, elevando os preços das obras para ficar com parte dos recursos e repartir o resto do dinheiro entre executivos da companhia estatal e dezenas de políticos.
Também em novembro de 2014, a Polícia Federal prendeu 17 executivos das principais construtoras do Brasil, entre eles o presidente da OAS, José Aldemário Pinheiro.
Além disso, foram detidos cinco diretores da Petrobras, dois dos quais confessaram os crimes e firmaram acordo de delação premiada com a Justiça em troca de uma redução de suas penas.