BERLIM/ROMA (Reuters) - A Itália reagiu com indignação neste domingo às aspirações da chanceler alemã Angela Merkel por mais reformas para fazer com que o orçamento de 2015 se enquadre às regras orçamentais da União Europeia, dizendo que a líder alemã seria melhor gasto se tratasse dos problemas de seu próprio país.
Em entrevista ao diário alemão Die Welt, Merkel pediu à Itália e à França para aprovar medidas adicionais antes de uma decisão de março da Comissão Europeia sobre se os orçamentos estão em linha com as regras de déficit e dívida do bloco.
A menos que novas medidas sejam tomadas a tempo, a Comissão pode multar a França por ficar aquém das suas obrigações de redução do déficit e colocou a Itália num processo disciplinar por causa de seus níveis de endividamento.
"A Comissão deixou claro que o que foi colocado na mesa até agora é insuficiente. Eu concordo com isso", disse Merkel.
Um oficial sênior italiano disse que era "lamentável" que Merkel tenha visto as reformas feita pelo primeiro-ministro italiano Matteo Renzi como insuficientes.
"O governo italiano nunca se permitiu dar receitas a um país membro da UE e pedimos a Alemanha faça o mesmo", Sandro Gozi, subsecretário italiano para assuntos da UE, disse em comunicado.
"Talvez a chanceler Merkel deva se concentrar na demanda doméstica da Alemanha, por sua falta de investimentos, ou sobre os seus desequilíbrios no balanço de pagamentos. Seria uma contribuição importante que a Europa tem estado à espera que Berlim faça por um longo tempo e que até agora não aconteceu."
Não houve reação imediata da França.
No ano passado, a Comissão ganhou novos poderes para avaliar projetos de orçamentos nacionais para garantir que eles estejam em linha com os acordos da UE.
O ministro das Finanças francês Michel Sapin disse na semana passada em visita a Berlim que a França iria fazer o necessário para cumprir as suas obrigações da UE, mas que impulsionar o crescimento era a prioridade.
Um dia depois, ele anunciou que a França apresentou objetivo de reduzir seu déficit para 4,1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015, em comparação com uma meta anterior de 4,3 por cento, graças a uma poupança extra.
A França inicialmente se comprometeu a reduzir o seu déficit para baixo do limite da UE de 3 por cento em 2013, mas já reconheceu que não vai chegar a esse limite até 2017.
(Por Noah Barkin em Berlim e Steve Scherer em Roma)