Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - Estrategistas do Itaú BBA continuam com recomendação "overweight" para o mercado acionário brasileiro em 2020 no portfólio de América Latina, citando perspectivas de crescimento e "momentum" de reformas, conforme relatório a clientes nesta quinta-feira, no qual reiteraram estimativa de que o Ibovespa alcance 132 mil pontos no final do próximo ano.
"O Congresso aprovou a reforma, por muito tempo esperada, da Previdência em outubro e a economia está finalmente mostrando sinais de retomada, que parecem desfrutar de uma ampla base (criação de empregos, vendas no varejo, recuperação do ciclo de crédito). No próximo ano, a agenda de reformas permanece rigorosa, o que deve continuar a dar suporte ao mercado."
A equipe comandada por Pablo Ordóñez, que entre os profissionais tem Lucas Tambellini, Jorge Gabrich e Marcos Assumpção focados em Brasil, avalia que a bolsa brasileira está negociando a múltiplos preço sobre lucro de 13,2 vezes, enquanto a sua previsão para o Ibovespa embute um múltiplo de 14,8 vezes.
"Nós continuamos a ver espaço para o mercado brasileiro 're-rate' apoiado no custo menor de capital (endossado pelo 'momentum' de reformas, taxas de juros baixas e fluxos novos de investidores internacionais e locais)", disseram os analistas. Eles acrescentaram que mesmo modestas revisões negativas de lucros representam uma tendência a ser revertida no futuro próximo com o sólido ímpeto econômico.
A estratégia de Brasil está concentrada em papéis relacionados ao consumo doméstico, seguindo o achatamento da curva de juros e inclinado para nomes de alto fluxo de caixa/ elevado dividendo yield (CPFL Energia (SA:CPFE3) e Multiplan (SA:MULT3)), mas também ligada à retomada do ciclo de crédito, com bancos e varejo (Cyrela (SA:CYRE3), Lojas Renner (SA:LREN3), Bradesco (SA:BBDC4) e Banco do Brasil (SA:BBAS3)).
A equipe do Itaú BBA também mira companhias com cenários atrativos, como Hapvida (SA:HAPV3), em se tratando de crescimento orgânico, e Ambev (SA:ABEV3), antecipando uma recuperação nos volumes de venda de cerveja. "Dito isso, as oportunidades são amplas e, do lado de commodities, nossos analistas do setor permanecem otimistas com nomes como Petrobras (SA:PETR4) e Vale (SA:VALE3)", acrescentaram.
Na América Latina, os estrategistas classificam o Chile com recomendação "underweight", Colômbia com "neutra", México com "underweight".