Ser (SA:SEER3) dono de um banco pode parecer um bom negócio. Ainda mais quando se trata do Itaú Unibanco (SA:ITUB4), com seu lucro líquido recorrente de R$ 28 bilhões no ano passado. Mas, a vida da Itaúsa (SA:ITSA4) não está fácil.
A holding teve seu preço-alvo reduzido de R$ 16,50 para R$ 16,30 pelo Credit Suisse.
O primeiro motivo para o corte é, justamente, as expectativas menores do Credit Suisse para o Itaú Unibanco. No fim de janeiro, o banco suíço reduziu o preço-alvo do Itaú de R$ 45 para R$ 44. Como o banco representa 93% do portfólio da Itaúsa, de acordo com os analistas, seria inevitável que houvesse um impacto.
Os analistas Marcelo Telles, Otavio Tanganelli e Alonso Garcia, que assinam o relatório do Credit, acrescentam que as ações da Itaúsa são negociadas, ultimamente, com um desconto de 20% em relação à do Itaú – um percentual acima da média histórica de 17%.
O trio lembra que uma parte importante desse desconto se deve à “ineficiência com que recebe juros sobre capital próprio [JCP] de suas controladas”. Pela conta dos analistas, esse problema responde por 5 a 6 pontos percentuais do desconto.
Isenção
Mas essa diferença pode crescer, se a reforma tributária encaminhada pelo governo ao Congresso, no segundo semestre do ano passado, sair do papel. O ministro da Economia, Paulo Guedes, propõe rever a taxação de dividendos (hoje isentos) e de juros sobre capital próprio.
Para o Credit Suisse, um aumento da tributação sobre juros seria o menor dos problemas da Itaúsa (SA:ITSA4), já que o JCP corresponde a 35% do total que recebe. O maior impacto viria do fim da isenção dos dividendos.
“Pelos nossos cálculos, uma taxa de 10% sobre os dividendos justificaria um desconto cerca de 6% maior [dos papéis da Itaúsa, em relação ao Itaú]”, afirmam os analistas. De qualquer modo, o Credit observa que, por ora, a reforma tributária está em ponto morto no Congresso.
Apesar do corte do preço-alvo, o relatório destaca que a recomendação para a Itaúsa permanece em outperform, isto é, com desempenho esperado acima da média do mercado, já que o novo valor implica um potencial de alta de 25% sobre o preço corrente dos papéis.