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Japão compra terreno de ilhas disputadas e eleva tensão com a China

Publicado 11.09.2012, 06:59
Atualizado 12.09.2012, 08:07

Tóquio/Pequim, 11 set (EFE).- O Japão comprou nesta terça-feira o terreno de três ilhas de um arquipélago disputado com a China, ao que Pequim respondeu com o envio de dois navios patrulheiros em um novo degrau da recente escalada da tensão diplomática entre os países.

O governo japonês assinou hoje em Tóquio o contrato de aquisição do terreno das mãos de seu proprietário japonês, um antigo fazendeiro de 70 anos da província meridional de Okinawa, que receberá em troca 2,05 bilhões de ienes (R$ 53 milhões).

Isso motivou a resposta quase imediata de Pequim, que anunciou que dois patrulheiros do Serviço de Guarda Costeira já se encontravam nas águas próximas às ilhas para "afirmar a soberania" chinesa.

A Guarda Costeira chinesa "estabeleceu um plano de ação para garantir a soberania" e tomará medidas de acordo com o desenvolvimento da situação, indicou a agência de notícias oficial chinesa "Xinhua".

A iniciativa japonesa motivou hoje manifestações em várias cidades chinesas, onde ocorreram protestos na frente de sedes diplomáticas japonesas.

Pouco antes de divulgar a compra, a chancelaria japonesa havia anunciado a viagem hoje de seu diretor-geral para a Ásia e o Pacífico à China a fim de "intercambiar opiniões" em relação à mudança de titularidade das três ilhas desabitadas.

O enviado, Shinsuke Sugiyama, já se encontra em Pequim mantendo reuniões com altos funcionários do governo, segundo confirmou hoje em entrevista coletiva o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hong Lei, embora não tenha especificado com quem.

Como em dias passados, Hong se limitou a ressaltar que as ilhas são "parte inerente" do território chinês e urgiu ao Japão que "dê um passo atrás" e volte à mesa de negociações, pedido que, assegurou, será transmitido formalmente a Sugiyama.

Embora o governo chinês tenha pronunciado em várias ocasiões que tomará as "medidas necessárias" para defender a soberania do arquipélago, Hong evitou responder se isso incluiria a possibilidade de empreender uma ofensiva militar, como cogita hoje o "PLA Daily", jornal do Exército de Libertação Popular chinês.

Outros meios de comunicação chineses lembraram que neste ano se completa o 40º aniversário da normalização das relações entre China e Japão, e por isso a nenhuma das partes interessaria dinamitar a cordial relação que mantiveram até agora.

Em tom igualmente conciliador, o ministro de Relações Exteriores do Japão, Koichiro Gemba, garantiu após a compra que "este último desenvolvimento não deveria alterar o progresso estável dos laços bilaterais entre Japão e China".

O governo de Noda tinha anunciado em julho sua intenção de comprar as ilhas com o argumento de potencializar a segurança da navegação em torno de suas águas e de administrá-las de maneira mais "estável e tranquila".

O anúncio foi feito depois que o polêmico governador de Tóquio, Shintaro Ishihara, conhecido por suas controvertidas declarações sobre Pequim e a comunidade chinesa residente no Japão, anunciasse três meses antes seu próprio plano de comprar estas ilhas.

O arquipélago em disputa é formado pelas três ilhas adquiridas pelo Japão, junto com outras duas também desabitadas e três penhascos, um território de sete quilômetros quadrados conhecido como Senkaku pelo Japão, Diaoyu pela China e Tiaoyutai por Taiwan, que também o reivindica como seu.

Embora o Japão alegue que tomou o controle do arquipélago na década de 1890, o regime comunista garante que a China descobriu e batizou pela primeira vez as ilhas, e por isso são parte de seu território desde a antiguidade.

A disputa territorial sobre estas ilhotas, administradas formalmente pela província de Okinawa e que poderiam contar com importantes recursos naturais, aumentou ainda mais desde agosto, quando ativistas chineses e japoneses realizaram desembarques não autorizados no arquipélago.

Até agora, as três ilhas cujo terreno o governo japonês comprou eram arrendadas de seu dono com fundos públicos. EFE

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