Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou a segunda-feira com queda de quase 0,80 por cento e a caminho do nível de 3,10 reais, ainda com investidores acreditando que o Federal Reserve, banco central norte-americano, pode não elevar os juros mais do que esperado e também diante da briga pela formação da Ptax do mês.
O dólar recuou 0,77 por cento, a 3,1276 reais na venda, no menor nível desde os 3,1065 reais de 25 de outubro de 2016. No pregão passado, a moeda norte-americana havia recuado 0,90 por cento.
Na mínima da sessão, o dólar marcou 3,1133 reais e, na máxima, 3,1539 reais. O dólar futuro cedia cerca de 0,50 por cento no final da tarde.
"Nos dois últimos dias do mês, a volatilidade aumenta com a formação da Ptax, mas o mercado ainda está sob efeito do crescimento menor que o esperado do PIB norte-americano, que abre o questionamento se há espaço para três altas de juros neste ano nos EUA", destacou o operador de câmbio da Advanced Corretora Alessandro Faganello.
A Ptax é uma taxa calculada pelo Banco Central que serve de referência para diversos contratos cambiais.
A economia norte-americana avançou menos do que o previsto no quarto trimestre de 2016, o que deve reduzir a pressão inflacionária e também as apostas de que o Fed possa elevar os juros ainda mais. Taxas mais elevadas podem atrair à maior economia do mundo recursos aplicados em outras praças, como a brasileira.
O Fed define nesta quarta-feira nova taxa de juros e a expectativas são de que ela não será alterada, mantendo a faixa de 0,50 a 0,75 por cento.
Profissionais comentaram ainda que a expectativa de fluxo de ingresso de recursos favoreceu o recuo do dólar frente ao real neste pregão.
No exterior, a moeda subiu a maior parte do dia ante outras divisas, diante da cautela após a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de restringir a entrada de pessoas de países de maioria muçulmana, reforçando o perfil protecionista do novo governo.
No meio da tarde, no entanto, o dólar passou a cair ante uma cesta de moedas. A divisa também teve queda forte ante o iene, com investidores buscando a proteção da moeda japonesa uma vez que o controle da imigração nos EUA chamou a atenção para os riscos que o protecionismo de Trump apresenta para a economia.
O BC brasileiro vendeu o lote integral de 14 mil swaps tradicionais, equivalente à venda futura de dólares, e assim rolou os vencimentos de fevereiro, equivalente a 6,431 bilhões de dólares. A autoridade monetária não costuma fazer leilões no último pregão do mês.
O próximo lote de swaps tradicionais vence no dia 1º de março, o equivalente a 6,954 bilhões de dólares. Atualmente, o estoque total dos contratos é de 26,559 bilhões de dólares, segundo dados do próprio BC.