CIDADE DE GUATEMALA (Reuters) - O diretor de um influente jornal da Guatemala, dedicado há anos a investigar casos de corrupção, foi preso acusado de lavagem de dinheiro, chantagem e tráfico de influência.
José Rubén Zamora, fundador e presidente do elPeriódico, foi preso na noite de sexta-feira depois que dezenas de agentes da polícia, muitos deles escondendo o rosto atrás de balaclavas, invadiram sua casa e a redação do jornal.
“Quero deixar claro que a apreensão não tem nenhuma relação com sua qualidade de jornalista, mas com um possível crime de lavagem de dinheiro”, disse Rafael Curruchiche, chefe da Promotoria Especial contra a Impunidade (FECI), em um vídeo publicado pelo Ministério Público.
Curruchiche foi incluído recentemente na lista Engel de personagens da América Central que são acusadas pelo Departamento de Estado dos EUA de cometerem irregularidades.
“Isso é uma perseguição política. Imagino que deve haver uma conspiração, uma perseguição montada”, disse Zamora, 65 anos, ao sair da sua casa escoltado pelos policiais para o tribunal.
A prisão aconteceu em meio a uma ofensiva contra promotores, juízes, ativistas, jornalistas e opositores promovida pela FECI. O órgão foi criado originalmente com respaldo da ONU como um braço local da extinta Comissão Internacional contra a Impunidade na Guatemala (CICIG).
Até o momento, pelo menos cinco jornalistas guatemaltecos de diferentes veículos de comunicação estão exilados. Na manhã de sábado, Zamora anunciou da prisão do tribunal que faria greve de fome, exigindo justiça.
As câmaras empresariais guatemaltecas e organizações internacionais de direitos humanos condenaram a detenção de Zamora, alvo de diferentes governos que promoveram batidas policiais e ameaças contra ele. Em 2016, Zamora passou sete meses no exílio pelo seu trabalho.
(Por Sofía Menchú)