Dólar se reaproxima dos R$5,60 impulsionado pelo exterior após acordo entre EUA e UE
Investing.com — O JPMorgan (NYSE:JPM) revisou sua recomendação para ações de mercados emergentes (ME), elevando a classificação para “overweight” (acima da média). A decisão reflete uma confluência de fatores: ambiente macroeconômico mais favorável, sinais políticos positivos e múltiplos de valuation considerados atraentes.
A mudança ocorre após um período prolongado de desempenho inferior. Nos últimos quatro anos, os mercados emergentes acumularam uma defasagem de 40% em relação às economias desenvolvidas (MD), segundo cálculos do banco.
“O perfil de risco-retorno dos mercados emergentes mostra melhora consistente”, escreveram os estrategistas liderados por Mislav Matejka. A nova posição, que sucede um ajuste de “underweight” (abaixo da média) para neutro no primeiro trimestre, tem como base o arrefecimento das tensões comerciais globais.
Recentemente, os Estados Unidos reduziram tarifas propostas sobre produtos chineses, reduzindo a alíquota média de 145% para 41%. “Ainda que esse movimento não encerre as disputas comerciais, avaliamos que o pior já ficou para trás”, afirmaram os analistas.
Outro fator de suporte apontado pelo banco é o enfraquecimento do dólar. Historicamente, ativos de mercados emergentes tendem a se valorizar em momentos de desvalorização do dólar, dada a correlação inversa estrutural. A equipe de câmbio do JPMorgan projeta uma nova rodada de enfraquecimento cambial no segundo semestre, impulsionada pela retomada do crescimento fora dos EUA.
“Esperamos que o dólar perca força frente às principais moedas nos próximos trimestres, refletindo a aceleração do crescimento global fora do eixo norte-americano”, explicaram os estrategistas. “Além disso, prevemos estabilização das moedas de emergentes em relação ao dólar, com possibilidade de desempenho superior caso o risco de recessão global seja reduzido.”
Entre os destaques regionais, o banco vê oportunidades específicas na Índia, Brasil, Filipinas, Chile, Emirados Árabes Unidos, Grécia e Polônia. A Índia foi classificada como “porto seguro em meio à nova fase da guerra comercial”, em razão do crescimento robusto e suporte institucional contínuo.
No caso do Brasil, a expectativa é de benefício via dólar mais fraco e pela reativação gradual da economia chinesa. Já as Filipinas se destacam pelo foco em consumo doméstico e por uma condução monetária mais flexível.
O JPMorgan manteve visão construtiva sobre ações de tecnologia da China, além de seguir com posição “overweight” no setor de mineração. Apesar da volatilidade recente, o banco acredita que o suporte estatal, a melhora na liquidez e as revisões positivas de crescimento podem favorecer os ativos chineses.
Em contrapartida, o banco segue com posicionamento “underweight” nos setores de Automóveis e Bens de Luxo em mercados emergentes, ainda que reconheça possibilidade de curto prazo para alívio tático, caso o apetite por risco aumente. O setor de Energia continua sendo visto com cautela.
Embora não veja as avaliações relativas como único catalisador, Matejka destaca que as ações de emergentes negociam a 12,4 vezes os lucros futuros, contra 19,1 vezes nos mercados desenvolvidos. “O nível atual de exposição dos investidores globais a mercados emergentes ainda é reduzido”, apontaram, sugerindo espaço potencial para fluxos positivos.