Por Emilio Parodi
MILÃO (Reuters) - Uma juíza italiana afirmou nesta segunda-feira que as petroleiras Eni e Shell estavam cientes de que a aquisição de um campo de petróleo na Nigéria em 2011 resultaria em pagamentos irregulares a políticos e autoridades nigerianos.
A italiana Eni e a anglo-holandesa Shell compraram a área marítima OPL 245 por cerca de 1,3 bilhão de dólares em um acordo que gerou um dos maiores escândalos de corrupção do setor.
Alega-se que cerca de 1,1 bilhão de dólares do total foi desviado para agentes e intermediários.
A juíza de Milão fez o comentário ao dar as razões por escrito para a condenação em setembro da nigeriana Emeka Obi e do italiano Gianluca Di Nardo, ambos intermediários no acordo, por corrupção.
"A administração das empresas petroleiras Eni e Shell... estava plenamente consciente do fato de que parte dos 1,092 bilhão de dólares pagos teria sido usada para compensar os funcionários públicos nigerianos que tinham um papel nesta questão e que estavam circulando como tubarões famintos", disse a juíza Giusy Barbara.
Ela também disse que o dinheiro foi dado a alguns gerentes da Eni.
Obi e Di Nardo foram julgados separadamente da Eni e da Shell, que também enfrentam alegações de corrupção sobre o mesmo acordo em uma audiência que deve se prolongar por meses.
A Eni disse que analisaria as observações da juíza, observando que um relato mais completo dos fatos e evidências em torno do acordo surgiria apenas no julgamento principal. A empresa italiana já negou qualquer irregularidade.
A Shell afirmou nesta segunda-feira que nem Obi nem Di Nardo trabalharam para a Shell, e que não havia base para condená-la ou a algum de seus ex-funcionários por alegados problemas relacionados ao acordo.
O chefe-executivo da Eni Claudio Descalzi e quatro ex-executivos da Shell também são acusados de corrupção internacional no julgamento principal. Todos eles negaram qualquer irregularidade.
(Reportagem adicional de Stephen Jewkes e Ron Bousso)