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Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam em forte baixa nesta sexta-feira, acompanhando o movimento dos rendimentos dos Treasuries, à medida que os investidores repercutiram o discurso do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole, em que abriu a porta para cortes na taxa de juros dos Estados Unidos.
No fim da tarde, a taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 estava em 13,955%, ante o ajuste de 14,088% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2028 marcava 13,285%, em baixa de 15 pontos-base ante o ajuste de 13,438%.
Entre os contratos longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,63%, com queda de 14 pontos ante 13,77% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,8%, ante 13,93%.
Em falas para o evento anual promovido pelo Fed, Powell disse observar riscos crescentes para o mercado de trabalho dos EUA, acrescentando que a perspectiva básica do banco central norte-americano é ajustar sua política monetária, mesmo sem sinalizar quando ou em qual velocidade.
"Embora o mercado de trabalho pareça estar em equilíbrio, trata-se de um equilíbrio curioso, resultante de uma desaceleração acentuada tanto na oferta quanto na demanda por trabalhadores. Essa situação incomum sugere que os riscos de queda no emprego estão aumentando", disse Powell.
Ele também ressaltou a importância de se ter cautela conforme as autoridades aguardam por mais dados econômicos antes da próxima reunião do Fed, em 16 e 17 de setembro.
Na visão dos mercados, o discurso de Powell confirmou a projeção de que os dados recentes de emprego dos EUA levarão o banco central a precisar cortar sua taxa de juros pela primeira vez no ano no próximo mês.
Isso deve ocorrer mesmo diante de um cenário misto para a maior economia do mundo, que, para além de números fracos de emprego, também tem apresentado pressões inflacionárias mais altas, em meio à imposição de tarifas elevadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
Operadores agora estão precificando 80% de chance de um corte de 0,25 ponto percentual em setembro, segundo dados da LSEG, ante uma probabilidade de 65% antes do discurso do chair do Fed.
"Sem sombra de dúvidas foi o ânimo pelo discurso de Powell em Jackson Hole. Ele foi vocal dessa vez, dizendo que as hipóteses para cortes de juros estão se confirmando. Havia estresse recente no mercado de que Powell ia soar mais ’hawkish’", disse João Piccioni, CIO da Empiricus Asset.
Com isso, os rendimentos dos títulos dos EUA despencavam nesta sessão, o que afetou os movimentos das taxas de juros futuros no mundo todo, incluindo o Brasil.
O rendimento do Treasury de dois anos--que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo-- tinha queda de 10 pontos-base, a 3,694%.
Para além da influência externa, o mercado doméstico também avaliou que a retomada do afrouxamento monetário pelo Fed pode antecipar cortes na taxa Selic pelo Banco Central, conforme as autoridades brasileiras expressam a necessidade de manter os juros elevados por tempo prolongado. A Selic está em 15%.
"Para o Brasil, traz a sensação de que existirá um espaço mais claro para começar um afrouxamento monetário. Isso traz um alívio e um conforto. Hoje a gente percebe que talvez seja a virada para ter um fim de ano mais construtivo", completou Piccioni.