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Juros: Taxas têm alívio à tarde com desaceleração da alta do petróleo

Publicado 08.03.2022, 15:48
Atualizado 08.03.2022, 19:23
© Reuters.  Juros: Taxas têm alívio à tarde com desaceleração da alta do petróleo

Os juros futuros fecharam a sessão regular em baixa nos vencimentos de curto prazo e as taxas longas subiram, mas fecharam bem abaixo das máximas do dia. Na etapa estendida, porém, as curtas ficaram estáveis e as longas recuaram. Ao longo do dia, a curva acompanhou o movimento do petróleo, que reduziu ganhos à tarde, quando o barril do Brent se afastou das máximas acima de US$ 130 mais cedo. O movimento da commodity, por sua vez, foi atribuído à melhora da percepção sobre o conflito Rússia-Ucrânia. O impacto da oficialização de embargo à importação de petróleo russo pelos Estados Unidos vinha sendo antecipado pelos ativos desde manhã.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 13,045% (regular), de 13,102% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 fechou em 12,815%, de 12,82% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 12,38% (regular), de 12,257% ontem, e a do DI para janeiro de 2027 terminou em 12,26%, de 12,081%. No fechamento da etapa estendida, as taxas do DI para janeiro de 2025 e janeiro de 2027 encerraram em 12,30% e 12,155%. A do DI para janeiro de 2023 terminou em 13,05% e a do DI para janeiro de 2024, em 12,80%.

A melhora do mercado à tarde acompanhou a descompressão das cotações do petróleo, que chegaram a bater em US$ 133 o barril no caso do Brent que é o que interessa para a Petrobrás e para a inflação. No fechamento, estava em US$ 127,98, nível ainda muito elevado, mas, de todo modo, serviu para estancar o estresse na curva. Por trás desse movimento, estaria, segundo operadores, uma informação extraoficial de que a Ucrânia não pretende entrar para a Otan. Se confirmada a posição, abriria alguma perspectiva para o fim do conflito no leste europeu no curto prazo.

Edward Moya, analista de mercado financeiro da Oanda em Nova York, atribuiu a melhora às afirmações do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de que "o petróleo russo não será mais aceitável nos portos dos EUA". "Os preços do petróleo dispararam e alguma exaustão se instalou após as observações de Biden sobre as sanções russas. Os traders de energia podem precisar de um novo catalisador para enviar o petróleo WTI acima do nível de US$ 130, mas o consenso geral ainda é que os preços do petróleo podem subir muito", comentou.

A União Europeia e o Reino Unido, com grande dependência do gás e petróleo russos, decidiram reduzir gradualmente a importação das commodities até o fim do ano. A Rússia, em resposta, ordenou a limitação de exportação de uma série de produtos, em lista ainda a ser divulgada, a determinados países. Desse modo, o alívio da curva pode ter vida curta, porque as incertezas ainda são enormes.

Nas taxas domésticas, houve uma ligeira suavização das apostas num Copom mais conservador na reunião de março. A chance de alta de 1,25 ponto porcentual na atual taxa de 10,75%, que era consenso nas sessões anteriores, hoje caiu para 60%, contra 40% de probabilidade de aumento de 1 ponto, segundo a Greenbay Investimentos. A projeção de Selic terminal é de 13,60%, com algum sinal de queda para o fim de 2022, precificada entre 13% e 13,50%.

Nos Departamentos Econômicos, por sua vez, o dia foi de revisões para cima no IPCA e Selic, na esteira dos efeitos do conflito. Uma das mais agressivas foi a do BNP Paribas (PA:BNPP), que agora colocou sua projeção de inflação em 7% este ano, de 6% anteriormente. A previsão de Selic em 2022 subiu de 12,25% para 13,25%.

Enquanto isso, em Brasília, ainda não se chegou a uma solução para os preços dos combustíveis. O congelamento é visto como uma opção muito radical e que dificilmente seria endossada pela Petrobras (SA:PETR4), mas é consenso que algo terá de ser feito.

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