Por Tatiana Bautzer
SÃO PAULO (Reuters) - O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo ordenou no início desta semana a apreensão de todos os emails corporativos de executivos e membros do conselho de administração da Americanas nos últimos 10 anos, segundo documentos vistos pela Reuters.
A juíza Andrea Palma concordou com pedido do Bradesco (BVMF:BBDC4), que requisitou a apreensão de emails dizendo que "diretores, conselheiros, acionistas e auditores permitiram que uma fraude contábil de gigantesca dimensões ocorresse em uma das maiores empresas do Brasil".
O banco disse no pedido que tem empréstimos de 4,7 bilhões de reais tomados pela varejista, que obteve proteção judicial contra credores no início deste mês no Rio de Janeiro.
A juíza citou na decisão o pedido do Bradesco de produção de provas para eventual litígio contra a empresa, seus administradores e, eventualmente, seus controladores por “abuso de poder”. As provas servirão para “ensejar o ajuizamento de ação individualizadas contra eventuais participantes da fraude”.
A decisão ainda determina a apreensão de todas as comunicações por email dos administradores da Americanas nos últimos 10 anos, bem como emails de conselheiros e membros do conselho fiscal no mesmo período. A juíza também ordenou a apreensão de todos os emails dos funcionários das divisões de finanças e contabilidade.
Em sua decisão, a juíza afirma que, embora a Americanas tenha criado uma comissão para investigar o assunto, deve-se evitar qualquer risco de destruição de provas. A juíza nomeou a Ernst & Young e a advogada Patricia Punder como especialistas em contabilidade e evidências forenses para trabalhar no caso.
A ação da companhia encerrou o dia em alta de 9,6%, a 1,03 real. Mais cedo, nesta quinta-feira, um juiz de Nova York aceitou pedido da Americanas feito na véspera para proteção da empresa contra credores, segundo um documento ao qual a Reuters teve acesso.
Procurada, a Americanas informou apenas que "aguardará ser notificada formalmente da decisão para adotar as providências cabíveis”. O Bradesco não se manifestou.