SÃO PAULO (Reuters) - A Klabin (SA:KLBN11) espera repetir no quarto trimestre o forte desempenho obtido nos três meses anteriores, em que viu seu lucro operacional disparar 66 por cento, em meio a um cenário de consolidação para o qual a maior fabricante de papel para embalagens do país segue atenta, afirmaram executivos da companhia nesta terça-feira.
"O mercado doméstico tem bons momentos no terceiro e quarto trimestres o que garante um bom volume de expedição de embalagens... Vemos bons volumes (de embalagens) no mercado doméstico no quarto trimestre", disse o diretor financeiro, Gustavo Henrique de Sousa, durante teleconferência com analistas.
"São trimestres fortes para a Klabin e esperamos um ritmo tal qual o terceiro trimestre", acrescentou o executivo.
A Klabin divulgou na segunda-feira que teve lucro líquido de 104 milhões de reais no terceiro trimestre, uma queda de 73 por cento em relação a igual intervalo do ano anterior, impactado por efeitos contábeis gerados pela desvalorização do real ante o dólar. Mas o resultado operacional ajustado da companhia, medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) subiu 66 por cento, para 1,25 bilhão de reais.
O resultado veio em um momento em que o mercado de papel e celulose global atravessa uma fase de consolidação. Questionado a respeito, o presidente-executivo da Klabin, Cristiano Teixeira, afirmou que a companhia "exerga a possibilidade de consolidação no mercado" e que "está atenta aos movimentos do setor". Já Sousa afirmou que qualquer aquisição que eventualmente for feita pela Klabin "tem que ser atrativa e ter uma relação de preço e retorno adequada para fazer sentido" para a companhia.
Na semana passada, a International Paper (N:IP) anunciou que está considerando a venda de sua unidade de embalagens no Brasil. A unidade teve vendas de 263 mil toneladas no acumulado de janeiro a setembro deste ano ante 266 mil um ano antes.
Na via de crescimento orgânico, Teixeira afirmou que a Klabin ainda está estudando um amplo projeto de investimento, que deve incluir novas máquinas de produção de papel, e que a empresa vai estar preparada "em breve" para submeter o projeto para aprovação pelo conselho de administração.
Para além do quarto trimestre, a empresa tem expectativa de evolução da indústria de construção civil do país, diante do otimismo gerado no setor privado pela eleição de Jair Bolsonaro no último domingo, prometendo adotar uma postura liberal para a economia. As fabricantes de cimento são um dos principais clientes da Klabin, que vende sacos de papel para armazenagem.
Segundo um dos executivos da companhia na áerea de sacos, a Klabin está trabalhando em projetos para reduzir gargalos de produção caso o setor de construção apresente retomada, uma vez que atualmente a empresa está exportando produtos com margens mais elevadas que no mercado interno.
Em outra frente, a empresa iniciou negociações de preços com clientes de celulose de tipo "fluff", usada em produtos como fraldas. A discussão de reajuste dos preços, cujos contratos atuais foram baseados no valor 1.100 dólares por tonelada, deve começar a partir de 1.345 dólares para 2019, afirmaram executivos.
(Por Alberto Alerigi Jr.)