SÃO PAULO (Reuters) - A empresa de educação Kroton piorou as expectativas de crescimento de sua base de alunos, principalmente no curto prazo, após as mudanças do governo federal nas regras do programa de financiamento estudantil Fies, motivando queda de suas ações.
Em apresentação corporativa publicada nesta sexta-feira, a Kroton se referiu à portaria 21 do Ministério da Educação (MEC) no fim de dezembro. Ela estabeleceu que os estudantes precisarão tirar no mínimo 450 pontos na prova do Enem, de uma nota máxima de 1 mil, para terem acesso ao Fies, e não poderão zerar a prova de redação.
Diante das mudanças, a companhia agora prevê expansão de 8 por cento na sua base de alunos para 2015. Já para 2016, a estimativa passou para 7 por cento, sendo também reduzida para 2017 (+8 por cento), 2018 (+9 por cento) e 2019 (+9 por cento). A expectativa anterior era de alta anual de 10 por cento entre 2015 e 2019.
A Kroton ressalvou que as estimativas não levam em consideração projetos que serão colocados em prática pela empresa para reduzir o efeito das mudanças adotadas pelo governo.
A companhia conta com 1.519 diferentes cursos no ensino presencial e tem outros 785 protocolados no MEC.
QUEDA LIVRE
As ações da Kroton chegaram a cair mais de 6 por cento após a divulgação do documento com as projeções da empresa.
Às 12h19, os papéis perdiam cerca de 3 por cento, ante recuo de 1,51 por cento do principal índice da bolsa paulista, o Ibovespa.
No ano até a véspera, os papéis da Kroton acumulam queda de 26 por cento na esteira das alterações no Fies, anunciadas pelo MEC em um momento de restrição orçamentária do governo, que vem agindo em diferentes frentes para melhorar as contas públicas.
Em outra portaria, o MEC definiu um diferente calendário para a recompra de crédito do programa de financiamento estudantil. Agora, as empresas com mais de 20 mil alunos usando empréstimos do Fies poderão vender seus créditos do programa em um intervalo mínimo de 45 dias, ante 30 anteriormente.
Assim como a Kroton, as demais empresas do setor listadas em bolsa também vêm sendo penalizadas pelas alterações, já que o programa responde por parte importante de suas receitas.
(Por Marcela Ayres)