Por Stephen Nellis
CUPERTINO, Estados Unidos (Reuters) - A Apple (NASDAQ:AAPL) deve revelar nesta terça-feira uma nova linha de aparelhos iPhone, enquanto dúvidas sobre acesso ao mercado na China e concorrência pairam sobre a empresa de capital aberto mais valiosa do mundo.
O iPhone representou mais da metade das vendas de 394,3 bilhões de dólares da Apple no ano passado, mas a empresa enfrenta novos desafios para vender na China, o terceiro maior mercado da empresa.
O mercado espera que os modelos da linha iphone 15 tragam novas portas de carregamento de bateria, capas de titânio e câmeras mais sofisticadas. O lançamento, marcado na sede da Apple para esta tarde, ocorrerá no momento em que o governo chinês amplia algumas restrições ao uso de iPhones.
A Apple também enfrenta a concorrência da Huawei Technologies, que era sua principal rival no mercado de smartphones premium da China até que os controles de exportação dos EUA arruinaram os negócios de telefonia da companhia chinesa em 2019. Na semana passada, a Huawei começou a vender o Mate 60 Pro, um telefone de ponta que usa chips de fabricação chinesa que alguns parlamentares dos EUA acreditam terem sido fabricados em violação às sanções impostas por Washington, que tenta conter o avanço tecnológico chinês.
A Huawei quer ganhar vantagem sobre a Apple instalando recursos adicionais, como chamadas via satélite que dependem de rede apoiada pelo governo da China. A linha atual do iPhone inclui recursos de comunicação por satélite, embora eles sejam destinados apenas a situações de emergência.
Especialistas avaliam que a maior mudança dos lançamentos desta terça-feira para a maioria dos clientes da Apple será a troca das portas padrão "Lightning", de propriedade da Apple, pelo padrão mundialmente aceito USB-C.
A Apple foi forçada a fazer a mudança devido às regulamentações europeias, mas analistas acreditam que a empresa vai dizer que a alteração é uma atualização, aproveitando as velocidades de dados mais rápidas que podem transferir vídeos de alta qualidade feitos com iPhones.
Os analistas também esperam uma nova tecnologia de câmera "periscópica" que poderá proporcionar aos telefones melhores recursos de zoom e capas de titânio, além de chips atualizados. Essas lentes "periscópicas" podem usar espelhos ou prismas para terem uma lente mais longa sem a necessidade de aumentar muito o módulo da câmera.
A maior dúvida do dia será se a Apple reservará esses recursos para um novo dispositivo de ponta e fará atualizações menores nos modelos mais baratos.
"Assim como vimos pessoas que não são ultra-atletas comprarem o Apple Watch Ultra, veremos um monte de pessoas comprando esse aparelho mesmo que não sejam entusiastas de câmeras ou fotografia, só porque gostam do que há de melhor e mais moderno", disse Ben Bajarin, presidente-executivo e principal analista da Creative Strategies. "Isso, por si só, cria o burburinho, o ímpeto e o fascínio pelo topo de linha."
O mercado também espera que a Apple aumente o preço médio por telefone vendido para aumentar sua receita, mas a questão é se a empresa fará isso elevando os preços de modo geral ou apenas nas versões premium. O mercado global de smartphones caiu de 294,5 milhões para 268 milhões de unidades no segundo trimestre, mas as vendas da Apple foram as que menos caíram entre os principais fabricantes, passando de 46,5 milhões para 45,3 milhões de aparelhos, de acordo com dados da Counterpoint Research.
"A verdade é que estamos em um mercado de smartphones muito fraco", disse Bob O'Donnell, chefe da TECHnalysis Research.
O'Donnell disse que também estará atento a qualquer indício sobre os planos da Apple com o que é conhecido como inteligência artificial generativa, a tendência tecnológica por trás de aplicativos como o ChatGPT, da OpenAI, e as tecnologias de assistente digital da Microsoft (NASDAQ:MSFT) para o pacote de software Office.
Os analistas têm repetidamente questionado a Apple sobre seus planos para essa tecnologia, mas a empresa deu poucas dicas até agora, além dos comentários do presidente-executivo, Tim Cook, em julho, de que o trabalho secreto da empresa sobre a tecnologia está aumentando seus gastos com pesquisa.
"Será que a Apple vai apresentar uma forma avançada da Siri? Isso seria algo que geraria algum entusiasmo", disse O'Donnell.