BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer usou o encerramento da cúpula da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), nesta terça-feira, para reforçar o esforço do Brasil em limitar os gastos públicos e afirmar que servirá de exemplo para os demais países do grupo.
"Particularmente adotamos a tese de que cada país deve, no âmbito de suas atividades, e segundo seus critérios, dimensionar suas despesas de acordo com sua receita, de certo momento o que estamos fazendo em nosso país", disse Temer na Declaração à Imprensa, no encerramento da Cúpula.
"Como muitos países gastam acima do que se arrecada, o exemplo do Brasil, de alguma maneira, poderá servir para a comunidade de outros países de língua portuguesa."
O tema, no entanto, não aparece na Declaração de Brasília, o documento final da Cúpula, o que mostra não ter havido um consenso ou, pelo menos, não ter sido debatido com mais consistência. Em termos diplomáticos, assuntos considerados pontos pacíficos nos encontros são citados na declaração final.
O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, questionado por jornalistas brasileiros, afirmou que o tema apenas foi mencionado por Temer.
"Concretamente, isso não aparece. O que ele (Temer) disse foi coisa diferente. Foi que havia vários países, sistemas em que se consagrava essa solução orçamentária, mas depois não se entrou nos detalhes do cultivo na declaração", afirmou Sousa.
O presidente brasileiro tem usado seus encontros internacionais para explicar a Proposta de Emenda à Constituição que cria o teto de gastos para a União e para legitimá-la. Em viagem à Índia e Japão, onde esteve para a Cúpula do Brics e uma visita de Estado, há duas semanas, conversou sobre a PEC nas reuniões bilaterais e em encontros informais, como o que teve durante jantar do Brics, com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)