Por Jonathan Spicer
NOVA YORK (Reuters) - Os funcionários do New York Federal Reserve encarregados de tirar taxa de juros do chão têm se reunido com banqueiros e operadores para traçar a melhor forma de fazer isso, em meio a profunda incerteza sobre quanto controle eles realmente terão sobre os mercados de crédito de curto prazo.
Com a expectativa de que o banco central dos Estados Unidos eleve a taxa ainda este ano, Simon Potter e sua equipe de técnicos em mercado têm o trabalho complicado de implementar juros mais altos usando algumas ferramentas novas e pouco testadas, assim como outras que podem não funcionar tão bem como no passado. Eles estarão operando sob intenso escrutínio global, com todos centrados nas perspectivas para a maior economia do mundo.
Mesmo ao testar novos métodos destinados a retirar trilhões de dólares em reservas dos mercados financeiros, a equipe de Potter está se preparando para volatilidade e para fazer ajustes na hora que o momento chegar, de acordo com entrevistas com funcionários do Fed e participantes do mercado.
O problema é que o mercado interbancário tradicionalmente utilizado pelo Fed para cumprir seus objetivos de política monetária, o chamado federal funds market, diminuiu para cerca de um quarto do seu tamanho pré-crise, depois de mais de seis anos de estímulo monetário sem precedentes.
"Há muito mais incerteza nas características mecânicas ...do que as pessoas admitem", disse Joseph Abate, estrategista de mercado de capitais do Barclays (LONDON:BARC) Capital.
O Fed quer evitar um cenário em que os juros não subam o suficiente depois que elevar a taxa básica (fed funds rate) porque os bancos, inundados com 2,5 trilhões de dólares de reservas depositadas no banco central, não precisam de financiamento de curto prazo.
O banco central também corre o risco de ser arrastado tão profundamente para os mercados monetários que desestabilizaria as coisas.
É por isso que o Fed de Nova York, já sob pressão política devido a erros de regulamentação, está tomando todas as precauções que pode para proteger sua credibilidade e a do banco central. Ele quer ter certeza de que, quando o banco central decretar aumento das taxas, os juros realmente vão subir.
Para combater as preocupações em Wall Street e em Washington, Potter e seus adjuntos têm promovido almoços regulares com os participantes do mercado para perguntar e responder sobre que tipo de ajustes no mercado pode ser necessário ou evitado para que tudo saia direito, e como os bancos e fundos vão reagir.
Ele também se reuniu com autoridades do Banco Central Europeu e outros colegas globais para delinear o plano de aperto monetário nos Estados Unidos, enquanto a maioria dos demais países está adotando política expansionista.
"O Fed de Nova York está pensando muito sobre essas coisas, e nós também", disse Abate do Barclays que participou de um almoço recente com Potter.
A poucos quarteirões de Wall Street, o Fed de Nova York tem realizado as operações de mercado do banco central. Desta vez, ele vai ter que confiar em contrapartes desconhecidos como fundos mútuos de mercado monetário, e em novas ferramentas, como o overnight reverse repurchase facility (ON RRP), para aspirar o maior volume de reservas do sistema necessário para atingir a "decolagem".